Mundo

Papa realiza vigília mundial de jejum e orações pela Síria

"A guerra sempre é uma derrota para a humanidade", afirmou o santo padre diante de 70.000 pessoas

Agência France-Presse
postado em 07/09/2013 16:19
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco lançou neste sábado um vibrante apelo para que todos "trabalhem pela paz e a reconciliação" para pôr fim à guerra, "que é sempre uma derrota para a humanidade", durante uma vigília de jejum e orações pela paz na Síria. "A guerra é sempre uma derrota para a humanidade", afirmou o santo padre diante de 70.000 pessoas do mundo todo reunidas na Praça de São Pedro.

"Na querida nação Síria, no Oriente Médio, em todo o mundo, rezemos pela reconciliação e a paz, trabalhemos pela reconciliação e a paz", afirmou Francisco, calorosamente aplaudido pelos fieis.

"Quando o homem só pensa em si mesmo, em seus próprios interesses, quando ele é seduzido pelos ídolos da dominação e do poder, quando ele se coloca no lugar de Deus, ele arruína todas as relações, ele arruína tudo. E isso abre as portas para a violência ", afirmou, em uma longa meditação sobre a "bondade da criação de Deus e o caos que provoca a violência entre irmãos". Ele voltou, assim, ao tema da primeira missa de seu pontificado: o homem é chamado a ser "o guardião de seu irmão e da criação".

"A violência e a guerra são a linguagem da morte! Eu vos pergunto: É possível ir por outro caminho? Podemos aprender a andar novamente e os caminhos da paz?"

[SAIBAMAIS]"Esta noite, gostaria que em, todas as partes da Terra, gritássemos: sim é possível! Ou melhor, gostaria que cada um de vocês respondesse: sim, nós queremos", afirmou.

Por iniciativa da Igreja Católica, cristãos, muçulmanos, budistas, ateus e pessoas não religiosas foram convocados neste sábado a uma jornada mundial de jejum e orações contra uma intervenção armada na Síria.

"A paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a Humanidade", publicou o Papa no Twitter nesta sexta-feira. Às 14H00 de Brasília, teve início a vigília na Praça de São Pedro, que irá até as 18h00, alternando momentos de oração e silêncio.

"Que se eleve forte em toda a Terra o grito da paz", exclamou na quarta-feira o Papa, para convocar 1,2 bilhão de cristãos, fieis de outras religiões e ateus a refletir sobre a paz na Síria.

Francisco, que enviou uma carta à cúpula do G20 em São Petersburgo, se opõe à intervenção militar na Síria prevista pelos Estados Unidos e França, já que considera que isso irá piorar o massacre, aumentar o ódio, e não poderá ser uma ação limitada.

"Ouvimos esta voz procedente do mundo inteiro e nos emocionamos com esta corrente de solidariedade iniciada pelo Papa", comentou, por telefone, falando ao canal Sky TG24, o núncio apostólico em Damasco, monsenhor Mario Zenari.

Zenari compareceu à catedral melquita para um vigília de oração ecumênica que reuniu também ortodoxos e muçulmanos. Mais de mil cristãos sírios se juntaram em oração em uma igreja de Damasco.

A missa foi celebrada na Catedral da Dormição de Nossa Senhora, sede do arcebispado greco-católico melquita, em Bab Charqi, Cidade Velha de Damasco. "Que Deus proteja a Síria", cantaram os fiéis durante a missa, celebrada pelo patriarca católico melquita Gregorio III Laham.

A convocação papal teve especial repercussão no Oriente Médio, onde os patriarcas, geralmente rivais entre si, se uniram na preocupação com as consequências de uma propagação da guerra e ascensão islamita.

O patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, apoiou a iniciativa do Papa, asim como o grande mufti Ahmad Badredin Hassun, líder do islã sunita na Síria, que pediu aos fieis que se unam à oração do Papa.

O patriarca maronita, Beshara Butros Rai, conduzirá uma oração na Basílica de Nossa Senhora do Líbano, em Harissa, norte de Beirute. O vice-presidente do Alto Conselho xiita do Líbano, xeque Abdel Amir Qabalan, respondeu favoravelmente ao apelo de Francisco.

Leia mais notícias em Mundo

O patriarca de Antioquia e do Oriente para os greco-católicos, Gregório Laham, convocou todos os fieis ao jejum, e pediu que os religiosos abram as igrejas para as orações.

O cardeal brasileiro Dom João Braz de Aviz, presidente do Conselho Pontifício para as Ordens Religiosas masculinas e femininas nos cinco continentes, também pediu para que os fieis respondam maciçamente à convocação.

Muitos grupos de não religiosos, como o Partido Radical Italiano, anticlerical, e o pequeno partido de extrema esquerda SEL, apoiaram a iniciativa de Francisco, e o prefeito de esquerda de Roma, Ignazio Marino, comparecerá à Praça de São Pedro.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação