Agência France-Presse
postado em 11/09/2013 10:19
Cairo - Os insurgentes islamitas atacaram mais uma vez nesta quarta-feira (11/9) o exército egípcio na península instável do Sinai, onde seis soldados morreram em dois atentados com carros-bomba durante uma operação militar contra os grupos radicais. "Islamitas terroristas cometeram esta manhã um ataque covarde com dois carros repletos de explosivos. Seis soldados morreram e 17 pessoas ficaram feridas, incluindo sete civis", afirma um comunicado militar.De acordo com fontes dos serviços de segurança, uma grande explosão ocorreu diante do quartel-general do serviço de inteligência do exército em Rafah, cidade na fronteira com Gaza, e após alguns minutos outro ataque atingiu um posto militar de controle rodoviário. A explosão destruiu as janelas dos edifícios próximos no bairro de Imam Ali de Rafah, afirmaram testemunhas. O quartel-general da inteligência militar fica em uma área muito protegida e cercada por postos de controle.
A passagem de fronteira de Rafah com a Faixa de Gaza foi fechada depois do ataque, assim como todas as estradas que seguem para o quartel-general. Os soldados procuram suspeitos na região. Os ataques dos rebeldes jihadistas contra as forças de segurança se intensificaram na península do Sinai desde que, em 3 de julho, o exército destituiu o presidente islamita Mohamed Morsy.
A destituição foi seguida por uma violenta repressão contra as manifestações que pediam o retorno ao poder de Morsy. O exército reagiu com uma ofensiva de grande alcance há mais de uma semana, bombardeando quase diariamente os refúgios dos jihadistas, que considera "terroristas". Grupos radicais islamitas, alguns deles vinculados à Al-Qaeda, estabeleceram sua retaguarda nesta região, habitada majoritariamente por beduínos que mantêm uma relação conflitiva com o poder central. Além disso, a área é cenário da ação do tráfico.
Há seis dias, o ministro do Interior Mohamed Ibrahim escapou ileso de um atentado com carro-bomba. Ibrahim é um dos principais idealizadores da campanha de repressão que deixou, desde 14 de agosto, pelo menos mil mortos, em sua imensa maioria manifestantes favoráveis a Morsy. O atentado foi reivindicado por um grupo jihadista do Sinai ligado à Al-Qaeda, Ansar Beit al-Maqdes, como forma de vingar a morte dos manifestantes islamitas.
O grupo ameaçou executar novos ataques contra as forças de segurança, o ministro do Interior e o general Abdel Fatah al-Sisi, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e homem forte do governo. Os militares, que destituíram e prenderam Morsy, o único chefe del Estado eleito democraticamente no Egito, estabeleceram um governo de transição responsável de organizar eleições legislativas e presidenciais para o início de dezembro de 2014.
Mas desde 14 de agosto, o exército e a polícia executam uma campanha repressiva contra os partidários de Morsy, sobretudo os membros da Irmandade Muçulmana, movimento do ex-presidente. Os ativistas mais ativos da Irmandade Muçulmana foram dizimados e os dirigentes do movimento foram detidos, acusados de "assassinato" e "incitação e assassinato".