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Grupos ligados à Al-Qaeda mantêm silêncio sobre crise na Síria

O Estado Islâmico do Iraque em Levante e a Frente Al-Nusra se recusam a comentar, porque eles não querem reconhecer a ajuda que pode trazer os Estados Unidos, um dos principais inimigos

Agência France-Presse
postado em 11/09/2013 12:50
Bagdá - Os grupos filiados à rede extremista islâmica Al-Qaeda permanecem em silêncio sobre o ataque militar ocidental contra a Síria, possivelmente porque seriam beneficiados por ele, acreditam vários analistas. O Estado Islâmico do Iraque em Levante (EIIL) e a Frente Al-Nusra, dois dos principais grupos jihadistas se recusam a comentar, porque, de acordo com analistas, eles não querem reconhecer a ajuda que pode trazer os Estados Unidos, um dos principais inimigos.

Combatentes do Exército Livre Sírio carregam armas durante operação de infiltração perto Hanano Barracks, que é controlada por forças leais ao presidente da Síria, Bashar Al-Assad, em Aleppo
Em contrapartida, alguns jihadistas temem, de acordo com comentários postados em fóruns da internet, que os Estados Unidos podem aproveitar uma intervenção militar contra o regime de Bashar al-Assad para atacar suas bases na Síria. "Há uma comunhão de interesses entre os Estados Unidos e os grupos jihadistas já que ambos tem como objetivo derrubar o regime sírio. É normal que esses grupos se calem, porque seu objetivo é se opor ao Ocidente, especialmente aos Estados Unidos. Não vão correr o risco de não aprovar um ataque", indica Tareq al-Maamourim, cientista político iraquiano.

[SAIBAMAIS]A falta de comentários é ainda mais significativa se tratando do EIIL, que multiplicou os ataques e chamadas para a guerra santa no Egito. "Grupos jihadistas proclamam o ódio ao Ocidente, mas permanecem em silêncio sobre um possível ataque a um país árabe", diz um oficial iraquiano que pediu anonimato. "Eles estão em silêncio porque os ataques podem ajuda-los" militarmente, acrescenta.



Um professor de ciência política da Universidade de Bagdá, Ihsan al-Shammari, também acredita que qualquer ação que "enfraqueça Assad permitirá que conquistem terreno, e por isso permanecem em silêncio sobre os ataques". "Grupos como o EIIL e Al-Nusra têm muito a ganhar", acrescenta. Embora a proposta russa de colocar sob controle internacional o arsenal químico da Síria e a resposta positiva dos Estados Unidos tenham adiado um possível ataque, a discussão continua em sites jihadistas.

Alguns jihadistas aprovam timidamente possíveis ataques, enquanto outros ainda estão hesitantes. A intervenção ocidental na Líbia em 2011 "não foi realizada a pedido dos muçulmanos ou dos jihadistas, mas por fim foi positiva para os jihadistas", diz um militante no site Honein.

"Nada de bom pode vir dos norte-americanos, como vimos no Iraque e em outras partes do mundo", responde outro internauta, Abu Karam. "Os jihadistas do Levante devem ter cuidado e não confiar nas hipóteses evocadas antes do ataque pelos cruzados" (Estados Unidos), ressalta Abu Saad al Ameli. "Devem se preparar como se os cruzados fossem ataca-los", acrescenta. "Os inimigos vão tentar atacar dois alvos durante o mesmo ataque", conclui.

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