Agência France-Presse
postado em 11/09/2013 14:19
Damasco - Os habitantes que fugiram da localidade cristã síria de Maaloula acusaram os jihadistas que a tomaram de terem obrigado um deles a se converter ao islamismo sob a mira de uma pistola.
"Eles chegaram à nossa cidade na manhã da última quarta-feira e gritaram: ;Nós somos a frente Al-Nosra;", contou uma mulher na terça-feira, em Damasco, depois de participar do funeral de três milicianos cristãos favoráveis ao regime, que foram mortos durante os combates entre os rebeldes e o Exército.
"Eles atiravam gritando: ;Alá é grande;", acrescentou a mulher, depois do funeral realizado no bairro cristão da Cidade Velha.
"Maaloula é a ferida de Cristo", diziam os participantes do funeral, enquanto era possível ouvir o barulho dos disparos de armas automáticas em homenagem aos mortos.
Maaloula é uma das localidades cristãs mais famosas da Síria e seus habitantes ainda falam aramaico, o idioma de Jesus Cristo.
A maioria dos cristãos na cidade é católica bizantina. A região, famosa por seus abrigos que datam dos primeiros séculos do cristianismo, muda de aparência dependendo da época.
No verão, a população é de 4500 pessoas, das quais três mil, na maioria cristãos, vêm de Damasco e de outros países, enquanto no inverno a população é reduzida para duas mil pessoas e os muçulmanos são a maioria.
"Eu moro perto da entrada da cidade. Ouvi uma grande explosão e, em seguida, vi que não havia mais nada. Pessoas com lenços do Al-Nosra atiravam nas cruzes", relata Adnan Nasrallah, de 62 anos.
"Apontaram uma arma para a cabeça do meu vizinho e o forçaram a se converter ao Islã", acrescenta o homem, que viveu 42 anos nos Estados Unidos, onde tinha um restaurante chamado Maaloula.
Nasrallah, que voltou para a Síria pouco antes do início da rebelião contra o governo de Bashar al-Assad, em março de 2011, perdeu todos os bens.
"Eu tinha um sonho. Voltei para o meu país para promover o turismo. Construí um albergue e ajudei a instalar um pequeno parque eólico. Meu sonho acabou. Trabalhei 40 anos para nada", lamenta.
O mais dramático para Nasrallah foi a atitude de alguns de seus vizinhos muçulmanos: "Havia mulheres que foram para a varanda gritando de alegria. Descobri que nossa amizade era superficial", conta.
Antoinette, a irmã de Nasrallah, prefere não acusar todos da mesma forma. "Esses são os refugiados de Harasta e Douma (subúrbio de Damasco) que recebemos em nossa cidade e que destilaram o veneno do ódio, especialmente entre a nova geração", diz.
A jovem Racha se entristece ao lembrar do destino trágico de seu noivo, Atef: "Liguei para o celular dele e alguém disse: ;Alô, nós somos o Exército Sírio Livre (ESL). Seu namorado era um shabiha (fazia parte da milícia pró-governo), estava armado e nós o degolamos;", afirma Racha.
Segundo ela, o homem contou que o grupo tentou fazer com que Atef se convertesse ao islamismo e ele se recusou. "Jesus não veio salvá-lo", teria zombado o rebelde.
Nesta quarta-feira (11/9), os rebeldes permaneceram em Maaloula e o Exército sírio tentou expulsá-los. Mais de 110 mil pessoas já morreram na guerra civil da Síria. Os cristãos representam 5% da população.
"Eles chegaram à nossa cidade na manhã da última quarta-feira e gritaram: ;Nós somos a frente Al-Nosra;", contou uma mulher na terça-feira, em Damasco, depois de participar do funeral de três milicianos cristãos favoráveis ao regime, que foram mortos durante os combates entre os rebeldes e o Exército.
"Eles atiravam gritando: ;Alá é grande;", acrescentou a mulher, depois do funeral realizado no bairro cristão da Cidade Velha.
"Maaloula é a ferida de Cristo", diziam os participantes do funeral, enquanto era possível ouvir o barulho dos disparos de armas automáticas em homenagem aos mortos.
Maaloula é uma das localidades cristãs mais famosas da Síria e seus habitantes ainda falam aramaico, o idioma de Jesus Cristo.
A maioria dos cristãos na cidade é católica bizantina. A região, famosa por seus abrigos que datam dos primeiros séculos do cristianismo, muda de aparência dependendo da época.
No verão, a população é de 4500 pessoas, das quais três mil, na maioria cristãos, vêm de Damasco e de outros países, enquanto no inverno a população é reduzida para duas mil pessoas e os muçulmanos são a maioria.
"Eu moro perto da entrada da cidade. Ouvi uma grande explosão e, em seguida, vi que não havia mais nada. Pessoas com lenços do Al-Nosra atiravam nas cruzes", relata Adnan Nasrallah, de 62 anos.
"Apontaram uma arma para a cabeça do meu vizinho e o forçaram a se converter ao Islã", acrescenta o homem, que viveu 42 anos nos Estados Unidos, onde tinha um restaurante chamado Maaloula.
Nasrallah, que voltou para a Síria pouco antes do início da rebelião contra o governo de Bashar al-Assad, em março de 2011, perdeu todos os bens.
"Eu tinha um sonho. Voltei para o meu país para promover o turismo. Construí um albergue e ajudei a instalar um pequeno parque eólico. Meu sonho acabou. Trabalhei 40 anos para nada", lamenta.
O mais dramático para Nasrallah foi a atitude de alguns de seus vizinhos muçulmanos: "Havia mulheres que foram para a varanda gritando de alegria. Descobri que nossa amizade era superficial", conta.
Antoinette, a irmã de Nasrallah, prefere não acusar todos da mesma forma. "Esses são os refugiados de Harasta e Douma (subúrbio de Damasco) que recebemos em nossa cidade e que destilaram o veneno do ódio, especialmente entre a nova geração", diz.
A jovem Racha se entristece ao lembrar do destino trágico de seu noivo, Atef: "Liguei para o celular dele e alguém disse: ;Alô, nós somos o Exército Sírio Livre (ESL). Seu namorado era um shabiha (fazia parte da milícia pró-governo), estava armado e nós o degolamos;", afirma Racha.
Segundo ela, o homem contou que o grupo tentou fazer com que Atef se convertesse ao islamismo e ele se recusou. "Jesus não veio salvá-lo", teria zombado o rebelde.
Nesta quarta-feira (11/9), os rebeldes permaneceram em Maaloula e o Exército sírio tentou expulsá-los. Mais de 110 mil pessoas já morreram na guerra civil da Síria. Os cristãos representam 5% da população.