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Catalães se unem em corrente humana para pedir independência

O ato é para lembra quando as tropas franco-castelhanas tomaram Barcelona acabando com a autonomia catalã

Agência France-Presse
postado em 11/09/2013 15:23
Separatistas catalães formar uma corrente humana em frente ao estádio Camp Nou para marcar o
Barcelona -
Uma grande corrente humana de 400 km percorreu nesta quarta-feira (11/9) de norte a sul a região da Catalunha, em uma nova demonstração de força dos separatistas para pedir ao governo espanhol a organização de um referendo sobre a autodeterminação da região.

"Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas para demonstrar de forma democrática e inclusiva que somos capazes de alcançar qualquer objetivo que tracemos", afirmou Carme Forcadell, presidente da Assembleia Nacional Catalã (ANC), a associação independentista promotora da iniciativa.

Os participantes da corrente deram as mãos exatamente às 17h14 locais para lembrar o ano de 1714, no qual, após a Guerra de Sucessão espanhola, as tropas franco-castelhanas tomaram Barcelona no dia 11 de setembro, acabando com a autonomia catalã.

Um grito de "Independência! foi ouvido no momento em que os participantes da corrente davam as mãos, muito deles envolvidos nas "esteladas", a bandeira independentista amarela e vermelha com a estrela branca sobre um triângulo azul.

Outros vestiam uma camiseta amarela com a inscrição "Via Catalã rumo à Independência", como é o caso de Mercé Juan Rodríguez, uma educadora social de 54 anos que afirmou, em catalão e inglês, estar "um metro mais perto da liberdade".

Mercé participou da corrente, que percorreu 86 povoados e cidades de norte a sul da Catalunha e ocupou inclusive um pequeno trecho do sul da França e da vizinha região da comunidade valenciana.

As imagens aéreas da televisão mostravam uma longa linha de pessoas dando as mãos ao longo das estradas catalãs.

"Apesar das tentativas do governo de ir contra a vontade do povo, queremos demonstrar que vamos conseguir independência de maneira pacífica", afirma Albert Garcia, um médico de 60 anos, com uma grande bandeira.



"E queremos o reconhecimento de toda a Europa e do resto do mundo", acrescentou Fina Agullo, uma comerciante de 65 anos.

Em um esforço para chamar a atenção do mundo, a corrente percorreu locais emblemáticos, como o estádio Camp Nou do Barcelona ou o templo da Sagrada Família de Gaudí.

Para os organizadores do ato, o objetivo é claro: pressionar o presidente regional, o nacionalista Artur Mas, para que organize, como prometido, um referendo de autodeterminação em 2014, exigência compartilhada com o ERC, a segunda força política da região.

"Pedimos às nossas instituições (...) que convoquem a consulta, sem atrasos nem perdas de tempo que apenas prejudicam nosso povo (...), que convoquem a consulta para 2014. Não queremos, nem podemos esperar mais", disse Forcadell.

Em uma coletiva de imprensa aos meios de comunicação estrangeiros, Mas reconheceu ter realizado no dia 29 de agosto uma reunião, "que era supostamente secreta", com o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, mas disse não ver vontade política de Madri para responder às demandas da Catalunha.

O governo catalão está em aberto conflito com Madri desde que a capital rejeitou há um ano seu "pacto fiscal", que pedia uma autonomia orçamentária maior para a Catalunha.

Na maior parte da Espanha, o Estado central arrecada os impostos e depois transfere uma parte às regiões. O executivo catalão se queixa por ter de fornecer mais do que recebe e diz sofrer um déficit fiscal de 16 bilhões de euros anuais.

No entanto, Mas afirmou nesta quarta-feira que, mesmo se Rajoy aceitasse agora negociar avanços na questão fiscal, a consulta popular é inevitável, embora, para ele, seja preciso tornar "plebiscitárias" as próximas eleições regionais, previstas para 2016.

"Neste momento o pacto fiscal já não resolve o problema", afirmou. Agora "qualquer solução para a Catalunha passa pelas urnas", acrescentou.

A Catalunha viveu nos últimos anos um auge do independentismo, impulsionado pela crise econômica, pela recessão e por um desemprego que afeta 23,85% da população economicamente ativa da região.

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