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Onze de setembro: o dia em que as ruas do Chile ficam vazias

Apesar de já terem se passado 40 anos do golpe de Estado e de o país acumular 23 anos de democracia, os chilenos assumem essa data como um dia perigoso

Agência France-Presse
postado em 11/09/2013 19:17
Ativistas do chileno em frente do palácio presidencial de La Moneda, em Santiago
Santiago -
Não é uma data festiva, nem há toque de recolher, mas a cada 11 de setembro, quando o golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 1973, é lembrado, ruas, escolas e lojas chilenas se esvaziam por uma extrema precaução frente a possíveis distúrbios noturnos.

Semanas antes de cada aniversário do assalto ao poder dos militares que derrubaram o governo do socialista Salvador Allende, as escolas informam aos pais que deverão buscar seu filhos três horas antes do habitual.

O motivo, dizem, é "facilitar um retorno normal dos alunos e dos professores para casa" - a mesma razão pela qual empresas, escritórios e lojas liberam seus funcionários muito antes do final do expediente.

Os ginásios fecham, os taxistas desaparecem, e é difícil encontrar bares e restaurantes abertos à noite. O transporte público modifica seus trajetos e horários, evitando as esquinas onde costuma haver barricadas.

Fotos deixadas por ativistas do chileno durante a comemoração do 40 º aniversário do golpe militar

Sem mencionar essas razões explicitamente, os supermercados também anunciaram seu fechamento antes do horário normal, assim como clínicas, consultórios e agências bancárias. Nesta quarta, os bancos também amanheceram com as janelas protegidas para evitar pedradas de manifestantes.

Pouco depois da hora do almoço, o comércio começou a fechar as portas e, por volta das cinco da tarde, o centro de Santiago estava praticamente vazio.

Apesar de já terem se passado 40 anos do golpe de Estado e de o país acumular 23 anos de democracia, os chilenos - especialmente os mais velhos - assumem essa data como um dia perigoso, no qual é melhor ficar em casa.



-- Um trauma do passado --

Os primeiros protestos convocadas pelo 11 de setembro foram em 1983, uma década depois do golpe. Nesse ano, iniciou-se uma tímida oposição nas ruas, sobretudo, nas comunidades periféricas mais pobres, como La Victoria, Villa Francia, ou Lo Hermida.

Eram famosos os apagões causados pelas correntes que os manifestantes jogavam na fiação elétrica, as barricadas e os confrontos com a polícia, que, nos tempos da ditadura, deixavam dezenas de mortos.

Chegada a democracia, em 1990, a data se tornou um resíduo da luta nas ruas contra o legado da ditadura, misturado à delinquência, que aproveita a ocasião para fazer saques e destruir.

Para hoje, o governo direitista de Sebastián Piñera anunciou a mobilização extra de 8.000 policiais em Santiago para proteger a cidade e um esquema especial para o transporte público.

No início do dia, foram registrados alguns incidentes em comunidades da periferia. Pelo menos 68 pessoas foram presas, e cinco veículos, queimados.

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