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França se prepara para recordar os 50 anos da morte de cantora

Edith Piaf nasceu em 19 de dezembro de 1915, no hospital Tenon, localizado no 20º distrito de Paris

Agência France-Presse
postado em 12/09/2013 13:55
Paris - A França se prepara para relembrar o 50; aniversário da morte de Edith Piaf, em outubro de 1963, com uma enxurrada de filmes, shows e livros, incluindo uma biografia que se propõe a desfazer alguns dos mitos que cercam a vida deste "mito francês". Sempre se diz que Piaf nasceu sob um poste de luz, em uma rua do bairro de Belleville, em Paris. Mas isso não é verdade, de acordo com o livro "Piaf, um mito francês", publicado pela editora Fayard.

A cantora de voz fenomenal nasceu em 19 de dezembro de 1915, no hospital Tenon, localizado no 20; distrito de Paris, informa a biografia, escrita por Robert Belleret, jornalista do jornal Le Monde, que fez uma investigação minuciosa. Belleret se baseou principalmente em uma centena de cartas enviadas por Piaf a seu confidente, Jacques Bourgeat, que até agora não haviam sido publicadas. O autor também descobriu centenas de arquivos, o que permitiu que ele esclarecesse muitas das mentiras e meias-verdades em torno da vida turbulenta da diva, filha de um acrobata e uma cantora de rua.



[SAIBAMAIS]"Por que se enfeitou, se exagerou ou se inventou tanto sobre Piaf?", pergunta-se Belleret no prefácio de seu livro, de 700 páginas, que investiga o nascimento, a infância e a vida amorosa da cantora, além de alguns episódios obscuros da trajetória de Piaf, como sua atitude durante a ocupação de Paris pelas tropas nazistas. "Tratam-se de verdades e meias-verdades que foram transmitidas por seus parentes, mas que Piaf também ajudava a circular para autoalimentar o mito", destaca Belleret. "Piaf mentia muito sobre sua vida, a começar pelo seu próprio nascimento", escreve Belleret, que também é o autor de uma excelente biografia do cantor Léo Ferré.

O livro refuta as alegações de Piaf de que ela deu documentos de identificação falsos para prisioneiros franceses, durante duas apresentações que ela dizia ter sido obrigada a fazer na Alemanha nazista. "Piaf levou uma vida de extravagâncias durante a guerra", assinala o escritor, que também fez um relato detalhado dos amores desta "Don Juan feminina". A cantora de voz marcante foi uma "sedutora insaciável, uma destruídora de lares que multiplicava suas conquistas", como Marcel Cerdan, Yves Montand, Georges Moustaki e Eddie Constantine, diz.

Apesar de não esconder seus lados obscuros (seus caprichos, seus vícios, sua mesquinhez), a biografia não compromete em nada o mito, destacando o talento imensurável da artista, sua vontade de trabalhar, sua energia, seu magnetismo no palco, seu carisma e sua tenacidade. Belleret enfatiza também o extraordinário dom de Piaf para a escrita, o que a levou a compor cerca de 90 músicas, que correram o mundo, como "La Vie en Rose" ("A vida cor de rosa") e Hymne à l;Amour ("O Hino ao Amor").

A artista e compositora lendária - cuja dimensão internacional foi consolidada pelo filme "Piaf" (2007), que garantiu um Oscar à sua intérprete, Marion Cotillard - será relembrada em outubro na França e em Nova York, cidade-fetiche da artista, que lhe oferecerá um tributo. Piaf, que morreu em 1963, aos 47 anos, depois de uma vida atormentada mas cheia de amor, paixão e homenagens, continua a ser a cantora mais amada na França.

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