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Papa Francisco recebe teólogo líder da Teologia da Libertação

A reunião pode ser vista como um passo para uma reabilitação completa da corrente, nascida na América Latina na década de 1970

Agência France-Presse
postado em 12/09/2013 16:36

A reunião pode ser vista como um passo para uma reabilitação completa da corrente, nascida na América Latina na década de 1970

O papa Francisco recebeu na quarta-feira (11/9) pela primeira vez o padre peruano Gustavo Gutierrez, considerado um dos pais da Teologia da Libertação, indicou nesta quinta-feira (12/9) a assessoria de imprensa da Santa Sé.

Essa audiência privada não havia sido anunciada oficialmente. A reunião pode ser vista como um passo para uma reabilitação completa da corrente, nascida na América Latina na década de 1970. A Teologia da Libertação por muito tempo despertou suspeitas do Vaticano, que temia desvios marxistas.

O Osservatore Romano já havia dedicado na semana passada um grande espaço à publicação na Itália de um livro já publicado em 2004 na Alemanha, que tem como autores o arcebispo alemão Gerhard Ludwig Müller, atual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício) , e Gutierrez, de 85 anos de idade.

O livro foi intitulado: "Em nome dos pobres, Teologia da Libertação, a Teologia da Igreja".

Este encontrou acontece em um contexto favorecido pela eleição do primeiro papa latino-americano.

Nomeado pelo papa Bento XVI, Müller, como arcebispo na Baviera, tinha estabelecido relações amistosas com o padre Gutierrez, um teólogo que nunca foi censurado ou punido pelo Vaticano.



A briga entre o Vaticano e a Teologia da Libertação data do pontificado do Papa João Paulo II, que afirmou em 1979 que "a concepção de Cristo como um homem político, revolucionário, como o subversivo de Nazaré, não correspondia à catequese da Igreja".

O então prefeito para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, futuro Bento XVI, havia punido vários teólogos, acusando-os de uma análise marxista da Bíblia. Um desses teólogos foi o brasileiro Leonardo Boff.

O arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, defensor de uma Igreja dos pobres, sempre foi crítico em relação à Teologia da Libertação, pelas mesmas razões.

No entanto, de acordo com o bispo Müller, Ratzinger não só criticou a Teologia da Libertação em seus documentos doutrinais de 1984 e 1986, mas reconheceu também intuições justas no campo social. Muitos analistas consideram que, ao escolher Müller como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o ex-papa já havia aberto o caminho para uma reabilitação progressiva.

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