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Organização denuncia massacre de 248 pessoas de etnia sunita na Síria

O relatório foi divulgado durante as negociações entre Rússia e Estados Unidos sobre um plano para colocar sob controle internacional o armamento químico da Síria

Agência France-Presse
postado em 13/09/2013 09:08
Beirute - As forças do regime sírio executaram ao menos 248 pessoas nos povoados sunitas de Bayda e Banias em maio, informou a ONG Human Rights Watch (HRW) em um relatório publicado nesta sexta-feira (13/9). O grupo de defesa dos direitos humanos com sede em Nova York fez uma lista com os nomes das 248 pessoas que morreram nos dias 2 e 3 de maio em dois povoados da província costeira de Tartus e pede que o Tribunal Penal Internacional investigue o caso.

"Trata-se de uma das execuções sumárias mais importantes desde o início do conflito na Síria", há dois anos e meio, disse a HRW, que pede que o poder seja considerado o único responsável pelos crimes, classificados de massacre. Segundo a ONG, o número de vítimas provavelmente é muito maior.

O relatório coincide com as negociações entre a Rússia e os Estados Unidos sobre um plano para colocar sob controle internacional o armamento químico da Síria, após um suposto ataque com gás tóxico ocorrido no 21 de agosto que matou centenas de civis, entre eles muitas crianças. "Embora a atenção do mundo esteja focada em evitar que o governo use armas químicas contra a população, não se deve esquecer que as forças governamentais sírias usam armas convencionais para matar civis", disse Joe Stork, diretor da HRW para o Oriente Médio.



Os dois povoados são de maioria sunita em uma zona majoritariamente alauita, a comunidade religiosa a qual o presidente sírio Bashar Al-Assad pertence. "Os sobreviventes nos contaram histórias terríveis sobre como seus familiares que não carregavam armas morreram diante de seus olhos pelas mãos das forças pró-governamentais", disse Stork.

Segundo a ONG, a maioria das vítimas foram executadas após os confrontos entre rebeldes e forças governamentais. Tanto soldados quanto milícias favoráveis ao regime, as chamadas Forças de Segurança Nacional, participaram das execuções. Em Bayda, "os soldados entraram nas casas, separaram os homens das mulheres, reuniram os homens de cada bairro em apenas um lugar e os executaram disparando à queima-roupa", indicou a HRW.

A organização afirma ter "informação documentada sobre a execução de ao menos 23 mulheres e 14 crianças, algumas delas bebês". A ONG também cita testemunhas que viram as forças favoráveis ao regime queimarem dezenas de cadáveres e depois saquearem e incendiarem casas. Em Bayda, 26 membros de uma mesma família foram executados (nove homens, três mulheres e 14 crianças).

A HRW pediu que a ONU apresente o caso ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e solicita a colaboração de Damasco para levar adiante uma investigação internacional. "O Conselho de Segurança tem a possibilidade de evitar futuros massacres - cometidos não apenas com armas químicas, mas por todos os meios e por todas as partes - apresentando o caso ao TPI", disse Joe Stork. Segundo números da ONU, o conflito na Síria já deixou mais de 110.000 vítimas desde que começou, há dois anos e meio.

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