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Empresa brasileira é denunciada por ameaçar área indígena no Paraguai

A floresta onde os indígenas vivem em isolamento voluntário na região do Chaco central, 650 km a noroeste de Assunção, está sendo destruída pela Yaguareté Porá

Agência France-Presse
postado em 16/09/2013 18:30
Assunção - O habitat dos indígenas silvícolas do noroeste do Paraguai é ameaçado pelo desmatamento praticado pela empresa pecuarista brasileira Yaguareté Porá, que exporta carne para a Europa, denunciou nesta segunda-feira (16/9) a organização não governamental Survival International em um comunicado.

"Fotos de satélite revelam novas extensões de florestas arrasadas pelos tratores" da empresa brasileira, informou a Survival International em um comunicado enviado à AFP.

A ONG, com sede em Londres, reiterou que a floresta onde os indígenas vivem em isolamento voluntário na região do Chaco central, 650 km a noroeste de Assunção, está sendo destruída pela Yaguareté Porá.

Segundo a ONG Survival, a empresa é signatária do Pacto Mundial das Nações Unidas que recomenda que as companhias adequem suas operações e estratégias a princípios universalmente aceitos de direitos humanos.

No entanto, segundo a ONG, suas operações "colocam em risco a vida dos indígenas ayoreo auto-isolados". Ele advertiu que o contato com a civilização dos "não contactados" os expõe a doenças com consequências fatais.



A Survival International anunciou ter resorrido à Comissão Europeia para pedir uma investigação sobre a origem de suas importações de carne bovina.

A ONG acrescentou que a exploração pecuarista ocorre em um território ancestral dos ayoreo, cujo título é reivindicado há 20 anos.

"Muitos ayoreo que foram tirados da floresta morreram nos últimos anos e outros foram afetados por doenças crônicas", explicou a organização.

"A Yaguareté ignora de forma flagrante os princípios que se comprometeu a respeitar perante às Nações Unidas", disse o diretor da Survival International, Stephen Corry, no manifesto divulgado esta segunda-feira.

Ele afirmou que esta não é a primeira vez que é feita uma denúncia contra uma empresa estrangeira que ameaça a existência de indígenas isolados, vulneráveis ao contato com a civilização.

No Paraguai vivem 100.000 indígenas, distribuídos por 20 etnias reunidas em cinco famílias linguísticas, em uma população total de sete milhões de habitantes. De acordo com organizações indigenistas, os silvícolas paraguaios não passariam de uma centena.

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