Agência France-Presse
postado em 17/09/2013 09:15
A operação sem precedentes para endireitar o "Costa Concordia", iniciada na segunda-feira (16/9), terminou nesta terça-feira (17/9) com o navio erguido novamente em frente à costa da ilha italiana de Giglio, onde permanecerá por vários meses até ser rebocado. Pela primeira vez desde 13 de janeiro de 2012, data do naufrágio que deixou 30 mortos e dois desaparecidos, as sirenes do cruzeiro de luxo ressoaram no pequeno porto toscano e foram recebidas com gritos de comemoração.Em uma coletiva de imprensa, o chefe da Defesa Civil italiana, Franco Gabrielli, afirmou que a operação de ;parbuckling; (;rotação;, em inglês) foi concluída assim que o barco alcançou a vertical. Antes das 6h30 (1h30 de Brasília) as coisas voltaram ao seu estado normal. Quase 30 pessoas esperavam para comprar ingressos para o primeiro ferry, após o levantamento da suspensão das viagens entre a ilha e o continente decretada por ocasião da operação. Uma delas, Romina Brizzi, afirmou ter se levantado às 3h30 para ver o resultado da operação. "Estou muito feliz", disse, antes de embarcar no ferry.
A imponente silhueta iluminada do palácio flutuante, com o flanco oxidado depois de passar 20 meses sob a água, se destacava no porto, onde centenas de pessoas emocionadas se reuniram. "Vê-lo surgir da água é muito emocionante para mim. Não podia perder isso. Poderia ter morrido no barco e na verdade estou aqui para contar minha história", declarou Luciano Castro, um sobrevivente.
O vice-prefeito de Giglio, Mario Pellegrini, que permaneceu mobilizado durante toda a noite do naufrágio para salvar os passageiros, disse que estava comovido. O barco "começa a se parecer com o daquela noite", disse. "De verdade é muito impressionante ver o estado do navio. Perturba porque temos diante de nós uma tragédia", declarou o almirante Stefano Tortora, um dos especialistas responsáveis pela rotação.
[SAIBAMAIS]O especialista em resgate de barcos que dirigia as operações a partir de uma plataforma flutuante, o sul-africano Nick Sloane, foi aplaudido como um herói nas docas. "Sinto alívio. Uma operação desta escala nunca havia sido realizada. Era um pouco como umas montanhas-russas", disse Sloane, que dirige as operações há mais de um ano. "Agora temos que fazer uma inspeção detalhada dos danos sofridos pelo barco", acrescentou, antes de entrar em um bar e pedir uma cerveja. "Se é bastante forte para se erguer desta maneira, também é para voltar a flutuar", acrescentou.
A complexa operação para resgatar o gigante de 17 andares, 290 metros de comprimento e 114.000 toneladas - maior e com quase o dobro do peso do "Titanic" - começou na segunda-feira de manhã. O navio, que tinha 65 graus de inclinação quando estava recostado sobre os arrecifes, iniciou a rotação impulsionado por 36 enormes cabos de aço presos a pequenas torres instaladas para a operação.
Por volta da meia noite (19 de Brasília), Gabrielli havia anunciado que a rotação havia superado "o nível fatídico dos 24 graus" e que a fase final se aproximava. Quase 100 engenheiros e técnicos de várias nacionalidades participaram na operação para resgatar o transatlântico.
Trata-se de uma operação sem precedentes na história da engenharia moderna para um navio tão grande e localizado tão perto da costa, de um custo avaliado em mais de 600 milhões de euros. Na próxima etapa, a embarcação será estabilizada com enormes recipientes com água fixados em bombordo e estibordo na parte superior do casco, que irão se esvaziando para permitir que a embarcação flutue e possa ser rebocada.
Depois que o navio estiver estabilizado, uma equipe de mergulhadores vai procurar os restos das duas pessoas que ainda estão desaparecidas: uma passageira italiana e um camareiro indiano.