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Polícia investiga as motivações do atirador da base naval em Washington

Segundo o FBI, o atirador, morto a tiros pela polícia, chamava-se Aaron Alexis, tinha 34 anos e seria originário do Texas

Washington - A polícia tentava nesta terça-feira (17/9) determinar as motivações do homem que matou 12 pessoas na segunda-feira em uma base administrativa da Marinha americana em Washington, onde as bandeiras devem permanecer a meio mastro assim como no resto do país. O atirador, morto a tiros pela polícia, chamava-se Aaron Alexis, tinha 34 anos e seria originário de Fort Worth (Texas), de acordo com o FBI. "Ele teria entrado (nas instalações da Marinha) por meios legítimos", indicou à AFP um funcionário da Defesa. "Este é um dos lugares mais seguros do país. E como tudo isso aconteceu é inacreditável", afirmou o prefeito de Washington DC, Vincent Gray. "É difícil acreditar que alguém como este homem possa ter obtido as autorizações, as qualificações para entrar na base", acrescentou.



[SAIBAMAIS]O tiroteio no coração da capital federal é o maior em uma instalação militar desde a morte de 13 soldados na base de Fort Hood, Texas (sul), em 2009. O acesso ao local do incidente na manhã desta terça era restrito ao pessoal essencial, para facilitar o trabalho dos investigadores do FBI, de acordo com a Marinha. O ministro da Defesa, Chuck Hagel, que falou de "um dia trágico" para o Exército e para o país, depositou nesta manhã uma coroa de flores no Memorial da Marinha para homenagear as vítimas. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenou que as bandeiras fossm hasteadas a meio mastro até sexta-feira à noite. Na segunda-feira à noite, a Hewlett-Packard revelou que Alexis trabalhava como programador de uma empresa terceirizada responsável pela atualização da intranet da Marinha e do corpo de fuzileiros navais americanos. A Polícia Federal americana lançou um apelo público por informações sobre o atirador. "Queremos saber tudo o possível sobre seus movimentos recentes, contatos e conhecimentos", indicou.

Acesso de fúria


A Marinha americana confirmou que Alexis, nascido em Nova York, tinha servido nesta força entre 2007 e 2011, antes de virar funcionário terceirizado de defesa na empresa de informática Hewlett Packard (HP). O jovem teria tido uma série de incidentes relacionados ao seu comportamento, enquanto estava nas forças armadas, segundo um oficial militar sob condição de anonimato. Ele era conhecido por praticar a meditação num templo budista, mas também por seus ataques de fúria. Ele foi preso em 2010, no Texas, por ter atirado no teto de seu apartamento, o que aterrorizou sua vizinha, e em 2004, em Seattle, por ter atirado nos pneus de uma pessoa em frente a sua casa. Seu pai evocou as "dificuldades para controlar sua raiva" e falou de transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), que ele sofria desde os ataques de 11 de setembro de 2001, de acordo com um relatório da polícia divulgado no site Seattle.gov. "Temos a certeza de que há apenas uma única pessoa responsável pela perda de vidas no prédio", garantiu na segunda a chefe de polícia da capital, Cathy Lanier. As autoridades averiguaram durante todo o dia se Aaron Alexis tinha beneficiado ou não da cumplicidade de outro atirador.

Na Casa Branca, o presidente Barack Obama condenou o que chamou de ato covarde e lamentou mais um tiroteio no país. "Estamos outra vez diante de um tiroteio generalizado", lamentou. "À medida que a investigação sobre o ocorrido avançar faremos o possível para que quem quer que tenha cometido este ato covarde, seja responsabilizado", disse o presidente. O tiroteio começou por volta das 08h20 locais (09h20 de Brasília) em um complexo de edifícios chamado Washington Navy Yard, uma sede histórica da Marinha americana e que atualmente abriga o Comando dos Sistemas Navais do país. De acordo com informações preliminares, Alexis entrou no chamado Edifício 197 do complexo militar, onde trabalham cerca de 3.000 pessoas, e atirou várias vezes. "Estava esperando um amigo pagar sua conta quando ouvi os tiros. Foram três disparos seguidos, bang, bang, bang. Alguns segundos depois, foram outros três tiros", relatou Patricia Ward, funcionária do complexo naval. De acordo com Ward, "um guarda pediu gritando que a gente corresse o mais rápido possível". A mulher disse que os funcionários não passam por um detector de metais quando entram no edifício.

No momento, não está claro como o agressor conseguiu entrar com armas pesadas em um complexo fortemente protegido como o Washington Navy Yard. O conjunto de edifícios abriga, entre outras instalações, a residência do chefe do Estado-Maior da Marinha americana, almirante Jonathan Breenert. O mais antigo estabelecimento da Marinha dos Estados Unidos serve atualmente como base administrativa da instituição e é a sede do Comando de Operações Navais dos Estados Unidos. No Washington Medical Center, a diretora do hospital Janis Orlowski falou ter recebido três feridos graves, mas que "passam bem" na manhã desta terça. O tiroteio levou legisladores americanos favoráveis ao reforço das leis que regem a venda de armas de fogo a expressar sua indignação. "O Congresso deve parar de fugir da responsabilidade e buscar uma reflexão sobre a violência ligada às armas neste país", declarou a senadora democrata Dianne Feinstein, autora de um projeto de lei contra as armas semi-automáticas.