Agência France-Presse
postado em 17/09/2013 16:00
O Papa Francisco quer integrar melhor à Igreja os divorciados recasados, como parte de uma política mais ampla que responde aos desafios relacionados ao casamento e a família na sociedade.Estas questões que claramente atingem o acolhimento na Igreja Católica das pessoas que vivem à margem porque não estão "em acordo" com seus dogmas e sacramentos são para o Papa uma prioridade. Tanto quanto a reforma da Cúria (o governo da Igreja).
Os problemas familiares, em especial o dos divorciados recasados , estão na agenda de um encontro do Papa com oito cardeais, entre 1o. e 3 de outubro.
"Nosso dever é encontrar um outro caminho, na justiça" para aqueles que, depois de um primeiro casamento fracassado, iniciam um segundo casamento, disse Francisco, citado pelo site da Diocese de Roma, RomaSette.
O Papa explicou que "Bento XVI já pensava nesta questão, que não pode ser reduzida apenas ao fato de saber se é possível ou não comungar".
"Aqueles que veem o problema apenas nestes termos não entendem qual é o verdadeiro problema! Este é um problema sério que cria responsabilidades para a Igreja em relação às famílias que vivem nessa situação", acrescentou.
De acordo com a doutrina católica, os homens e mulheres que contraem um casamento se comprometem para a vida toda. Portanto, a ruptura deste sacramento e um novo casamento impedem a comunhão na missa, se o casamento anterior não tiver sido anulado por um tribunal eclesiástico.
O tema dos divorciados recasados é delicado. Vários deles, muito envolvidos ativamente na igreja, se sentem revoltados ao serem excluídos da comunhão.
Bento XVI em 2012 e Francisco já fizeram alusão ao fato de que os divorciados e recasados devem sentir-se "plenamente acolhidos" pela Igreja.
O caminho explorado é a extensão das possibilidades de anulação do casamento, atualmente extremamente limitadas e reservadas aos mais ricos. A ideia é torná-lo possível, no caso de imaturidade, falta de fé, casamento contraído apenas por convenção social.
Após o encontro com os oito cardeais, a intenção do Papa, em uma data não especificada, é confiar essas questões a um sínodo, uma assembleia dos bispos do mundo inteiro, que será encarregado de expandir a "pastoral matrimonial".
Jorge Bergoglio está preocupado com a explosão de divórcios, com as dificuldades enfrentadas por famílias recompostas e das novas formas de famílias, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em seu retorno à Roma após a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em 29 de julho, o Papa Francisco falou aos repórteres da aproximação das Igrejas Ortodoxas: eles "têm uma prática diferente, eles seguem a ;teologia da economia;, como eles chamam, e permitem uma segunda oportunidade" de casamento válido.
Ele também observou que para o cardeal Antonio Quarracino, que o precedeu como chefe da Arquidiocese de Buenos Aires, "metade de todos os casamentos são nulos... Porque nos casamos sem maturidade, sem perceber que isso é para a vida toda, ou nos casamos porque socialmente devemos casar".
"Precisamos rever a questão legal de nulidade do casamento, porque os tribunais eclesiásticos não são suficientes para isso", acrescentou Francisco.
Em uma mensagem na semana passada por ocasião das Semanas Sociais dos Católicos Italianos, o Papa, muito fiel à tradição sobre esses assuntos, pediu para que os fiéis "promovessem a família fundada no matrimônio, para além de preconceitos e ideologias" e defendeu "uma família que é a da unidade na diferença entre homem e mulher".