Agência France-Presse
postado em 17/09/2013 21:22
Acapulco - Voos comerciais e militares começaram a evacuar, esta terça-feira, os milhares de turistas presos em Acapulco pelas fortes tempestades que castigam o México, onde a incomum combinação de dois furacões matou pelo menos 47 pessoas e ainda ameaçam provocar mais danos.A emergência prossegue em boa parte do país por causa das chuvas, inundações e destroços causados por Ingrid e Manuel, dos quais restavam apenas remanescentes até que este último fenômeno se fortaleceu na tarde de terça-feira a depressão tropical.
No balneário de Acapulco (Oceano Pacífico), que ficou praticamente incomunicável, três companhias aéreas comerciais começaram a fretar voos especiais para turistas parados desde seu aeroporto internacional, que foi fechado no fim de semana pelas inundações sofridas no terminal, enquanto aparelhos das Forças Armadas decolavam de uma base militar próxima também transportando visitantes.
Equipes de resgate continuam tentando tirar os escombros por deslizamentos nas estradas por onde chegam a Acapulco vários turistas da Cidade do México, que não serão habilitadas pelo menos até quarta-feira.
Com a esperança de encontrar um espaço nos voos, dois mil turistas faziam fila esta terça-feira em um centro de espetáculos de Acapulco, habilitado para que as companhias aéreas organizem turnos de saída.
Valentín Mario Calderón foi um dos visitantes que conseguiu bilhetes para embarcar com a esposa e três sobrinhos com os quais chegou para aproveitar o feriado prolongado de segunda-feira neste porto famoso, que durante décadas foi o destino favorito de muitas estrelas de Hollywood, mas que agora sofre com uma forte onda de violência atribuída ao narcotráfico.
"Desde a madrugada de sábado nada se via no mar. Havia muito vento, as janelas do quarto batiam. No domingo caiu uma tromba d;água e pensamos que viria um tsunami e, então, nos entregamos a Deus", relatou Calderón, aos prantos, em entrevista à AFP.
A assessoria de imprensa da Aeroméxico disse à AFP que esta terça-feira contempla transportar 900 pessoas em cinco voos e outras 1.000 na quarta-feira.
Mais da metade de Acapulco (680.000 habitantes) continua inundada após quatro dias consecutivos de tempestades, embora nesta terça-feira só chovesse de forma intermitente.
As regiões mais castigadas do balneário ficam na pobre periferia e na região hoteleira de Diamante. Alguns moradores tiveram que subir nos tetos de suas casas e a polícia informou ter resgatado de helicóptero mais de 200 pessoas.
Alguns grandes armazéns registraram nesta terça filas de até 200 pessoas para comprar provisões.
O secretário de governo, Miguel Ángel Osorio Chong, elevou o balanço oficial de mortos no país a pelo menos 47, embora segundo informes de autoridades locais somem mais de 48.
Além disso, 39 mil pessoas foram evacuadas, uma centena de arroios ou rios transbordaram e 91 estradas foram danificadas pelas tempestades, disse Osorio Chong à emissora Radio Fórmula.
Alerta de novas tempestades
Desde 1958 não aconteciam dois furacões simultaneamente no México de costas opostas e agora o fenômeno afetou dois terços do país.
No litoral do Pacífico, o furacão Manuel entrou no sábado como tempestade tropical e foi perdendo força gradativamente até a condição de sistema de baixa pressão.
No entanto, nesta terça-feira voltou a ganhar força perto da costa do estado de Sinaloa (noroeste) e se dirige para a costa leste da península turística da Baixa Califórnia, com ventos constantes de 75 km/h e rajadas de 85 km/h, com a possibilidade de que ganhe força como tempestade tropical nas próximas horas, advertiu o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) em seu último informe.
Já Ingrid, que era furacão categoria 1 antes de chegar, na segunda-feira, na costa do Golfo do México, foi perdendo força até começar a se dissipar na madrugada desta terça, mas suas remanescências ainda cobrem regiões de nordeste, norte e centro do México.
Além disso, o SMN alertou para um novo fenômeno de baixa pressão situado perto da Península de Yucatán (leste), que pode em breve virar furacão.
A Cruz Vermelha mexicana já fez chegar um primeiro envio de 12 toneladas de alimentos e produtos de higiene a Guerrero. doados pela população para ajudar as regiões mais afetadas.
Uma delas é o estado de Veracruz (leste), com mais de 20 mil moradias danificadas e 129 cidades ainda isoladas, informou o diretor local de atenção a Emergências, Ricardo Maza Limón.
Mas o estado com mais danos no momento é Guerrero, ao qual pertence Acapulco, onde 48 municípios foram afetados, 20 mil pessoas, evacuadas e cerca de 238.000 moradores afetados, segundo autoridades.
O governador Ángel Aguirre calcula que as perdas materiais chegarão a 380 milhões de dólares em Guerrero.