Agência France-Presse
postado em 18/09/2013 12:43
Moscou - A Síria está segura de que a ONU não aprovará uma resolução sobre suas armas químicas com menção ao capítulo VII, que prevê o uso da força, e agradeceu à Rússia pelo apoio. Apesar do acordo de sábado (14/9) entre os Estados Unidos e a Rússia para destruir o arsenal químico sírio, ambas as partes ainda têm opiniões diferentes sobre o que ocorreu em 21 de agosto nos subúrbios de Damasco e da inclusão ou não do uso da força em uma nova resolução da ONU sobre a Síria.Para os Estados Unidos e a França, apenas o regime de Bashar Al-Assad pode ter realizado o ataque químico de 21 de agosto, enquanto a Rússia reitera sua crença em um ato de "provocação" orquestrada pelos rebeldes com o objetivo de promover uma intervenção militar internacional no país. Nesta quarta-feira, Assad agradeceu à Rússia pelo apoio dado a seu país frente ao que chamou de "ataque violento de que é alvo", ao receber em Damasco o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Riabkov, segundo informou a televisão pública.
Assad disse ainda que a posição russa, contrária à ameaça de um recorrer à força contra a Síria se Damasco não renunciar a suas armas químicas, pode contribuir para criar um "novo equilíbrio mundial". Além disso, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores Faiçal Moqdad afirmou "que é uma grande mentira das potências ocidentais e acreditamos que não será utilizado nunca (o capítulo VII) porque nada justifica".
[SAIBAMAIS]Por sua vez, Riabkov, que chegou em território sírio terça-feira à noite, acusou de "preconceito" os inspetores da ONU que investigaram o ataque com armas químicas na Síria, e afirmou ter recebido de Damasco provas que sustentam a tese de uma provocação dos rebeldes. "Estamos desapontados, isso é o mínimo que podemos dizer sobre a abordagem do secretariado da ONU e dos inspetores da ONU que estavam na Síria, que prepararam seu relatório de maneira seletiva e incompleta, sem levar em conta os elementos que tínhamos relatado repetidamente", declarou.
"Sem uma visão completa o caráter das conclusões só pode ser descrito como politizado, parcial e unilateral", disse. Segundo o chefe da equipe de inspetores da ONU, Aake Sellstr;m, seu grupo retornará em breve à Síria para investigar as acusações contra o regime e a oposição. Os especialistas da ONU que viajaram à Síria encontraram provas "claras e convincentes" do uso de gás sarin durante o massacre de 21 de agosto perto de Damasco, segundo um relatório oficial.
O relatório dos especialistas não aponta diretamente os responsáveis pelos ataques com armas químicas, já que seu mandato prevê que não se pronunciem sobre este ponto. O relatório foi entregue segunda-feira ao secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, que apresentou por sua vez aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU. Para o presidente americano Barack Obama, "quando observamos os detalhes e provas apresentadas (pela ONU) é inconcebível pensar que alguém além do regime" tenha usado armas químicas.
"Acredito que isso muda a dinâmica internacional. Acredito que muda a opinião internacional sobre a questão", declarou ao jornal espanhol Telemundo. Na entrevista, Obama disse que, apesar de seu país estar envolvido em um processo negociador com a Rússia e, indiretamente, com o governo sírio, continua pensando que al-Assad deve ser expulso do poder. "Meu objetivo tem sido, constantemente, garantir que as armas químicas sejam colocadas sob controle para garantir que ninguém poderá usá-las", declarou.