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Síria entregou uma primeira lista de armas químicas à OPAQ

Entrega desta lista é um primeiro passo para a aplicação do acordo russo-americano sobre a destruição do arsenal químico sírio, assinado em Genebra em 14 de setembro

Agência France-Presse
postado em 20/09/2013 14:50

A OPAQ, que deveria se reunir no domingo para estudar o início deste programa de destruição e o pedido de adesão da Síria à Convenção de 1993 sobre a proibição de armas químicas, adiou o encontro indefinidamente

Damasco - A Síria entregou uma primeira lista de armas químicas que deverão ser destruídas à Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), em meio a intensas negociações diplomáticas sobre a adoção de uma resolução na ONU sobre o desarmamento químico de Damasco.

A entrega desta lista é um primeiro passo para a aplicação do acordo russo-americano sobre a destruição do arsenal químico sírio, assinado em Genebra em 14 de setembro, mas as divergências sobre o projeto de resolução a ser apresentado ao Conselho de Segurança da ONU persistem.

A OPAQ, que deveria se reunir no domingo para estudar o início deste programa de destruição e o pedido de adesão da Síria à Convenção de 1993 sobre a proibição de armas químicas, adiou o encontro indefinidamente.

[SAIBAMAIS]Segundo fontes diplomáticas, o texto que deveria servir de base para a reunião ainda não está pronto e continua a ser discutido entre americanos e russos. Neste contexto, o secretário de Estado americano, John Kerry, e seu colega russo, Sergei Lavrov, conversaram longamente nesta sexta-feira sobre a questão.

Durante uma "longa conversa" telefônica, discutiram sobre a "cooperação, não só para adotar as regras da OPAQ, mas também para alcançar uma resolução forte e firme no âmbito das Nações Unidas", relatou Kerry a repórteres, ao receber no Departamento de Estado o seu colega holandês, Frans Timmermans.

Os cinco membros permanentes do Conselho não conseguem chegar a um acordo sobre o projeto de resolução, apesar das várias reuniões realizadas nas últimas semanas. A Rússia, aliada de Damasco, se opõe a qualquer referência a um possível uso da força neste texto.

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Segundo diplomatas na ONU, os ocidentais tentam convencer Moscou que o projeto não implica a ameaça de uma ação militar imediata. A equipe de investigadores da ONU, que inclui nove especialistas da OPAQ, afirma ter encontrado "provas flagrantes e convincentes" do uso de gás sarin em um ataque realizado no dia 21 de agosto perto de Damasco.

Os países ocidentais acusam o regime sírio de ser o responsável por este ataque que matou centenas de pessoas. Mas a Rússia continua a evocar "uma provocação" rebelde. Em terra, o Exército Sírio Livre (ESL) e um grupo jihadista ligado à Al-Qaeda, que disputam o controle de uma cidade de Azaz, no norte, declararam trégua.

Mediado pela Brigada Tawhid, poderoso grupo armado baseado em Aleppo (norte), que está sob o comando do ESL, este acordo não determina, no entanto, quem irá controlar a cidade, e não acaba com as tensões entre rebeldes não-jihadistas e o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIl), ligado à Al-Qaeda.

A oposição síria acusa os grupos jihadistas de privilegiarem seu projeto de um Estado islâmico em detrimento da luta contra o regime, e de terem "renunciado a combater o regime em diferentes regiões para reforçar sua presença em áreas libertadas". A tomada de Azaz, que estava nas mãos do ESL, na quarta-feira pelo EIIL ilustra essas divisões.

O regime de Damasco afirma que a rebelião está sob controle quase total de jihadistas ligados à Al-Qaeda, enquanto o líder da Coalizão de oposição, Ahmad Jarba, fez um apelo em favor do uso da força contra Damasco, argumentando que uma intervenção militar abriria o caminho para o combate a esses grupos.

Enquanto isso, o Irã, aliado da Síria, propôs facilitar o diálogo entre Damasco e a rebelião para buscar uma solução política para o conflito, que já dura 30 meses e que já deixou mais de 110 mil mortos.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, também solicitou uma reunião com o presidente francês, François Hollande, na próxima terça-feira em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU. A reunião bilateral, a primeira a este nível entre os dois países desde 2005, será centrada na crise síria.

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