Agência France-Presse
postado em 22/09/2013 14:12
Nova York - Mais de 130 líderes mundiais se reúnem esta semana em Nova York para a 68; Assembleia Geral da ONU, dominada pelo conflito na Síria, as relações entre o Irã e o Ocidente e a espionagem internacional dos Estados Unidos, que será denunciada pelo Brasil.O conflito na Síria, que deixou mais de 100 mil mortos e dois milhões de refugiados em 30 meses, é o "maior desafio" da comunidade internacional, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, às vésperas da assembleia, que será inaugurada na terça-feira.
Os debates na sede da ONU e as reuniões paralelas serão a mesa sobre a qual Estados Unidos e Rússia, esta última aliada e protetora do presidente sírio Bashar al-Assad, colocarão suas cartas na busca de uma solução para a guerra civil travada em pleno coração do volátil Oriente Médio.
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O presidente americano, Barack Obama, que discursará nesta terça, ameaçou a Síria recentemente com uma intervenção militar em represália a um ataque com armas químicas atribuído ao governo de Assad, embora tenha suspendido esta opção após um acordo com a Rússia para que Damasco destrua seu arsenal deste tipo de armamento.
Este plano russo-americano poderia levar, esta semana, à aprovação da primeira resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, depois de três tentativas bloqueadas pelo veto de Moscou.
O secretário-geral, Ban Ki-moon, por sua vez, organizará na quarta-feira um almoço com chanceleres das cinco potências (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) e no sábado se reunirá com os chefes da diplomacia americana, John Kerry, e russa, Serguei Lavrov, com o objetivo de fixar uma data para uma conferência de paz.
Dilma abrirá os debates atacando a espionagem dos Estados Unidos
Como manda a tradição desde 1947, o Brasil será o país a abrir, na terça-feira, os debates da Assembleia Geral, e se espera um duro discurso da presidente Dilma Rousseff contra a política de espionagem internacional praticada pelo governo Obama.
Dilma, que acaba de adiar uma visita de Estado a Washington, prevista para 23 de outubro, por este motivo, questionará a governança da internet, altamente dependente dos Estados Unidos, segundo informações antecipadas de Brasília.
Documentos vazados pelo ex-consultor da inteligência americana Edward Snowden e divulgados pela imprensa brasileira indicam que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) espionou comunicações de Dilma e da Petrobras, responsável pela descoberta de petróleo em áreas de pré-sal no Brasil, cujo primeiro leilão está previsto para meados de outubro.
Esta questão de espionagem afetou muitos governos latino-americanos, razão pela qual certamente se tornará um ponto de consenso nos discursos dos líderes regionais em Nova York.
Outro atrativo da assembleia será a estreia no plenário do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em meio a uma forte controvérsia com os Estados Unidos pela suposta negativa deste país de conceder vistos a membros de sua delegação e a problemas para utilizar o espaço aéreo americano em viagem oficial à China.
Presença do novo presidente iraniano gera expectativa
A outra grande atração do plenário da ONU é a primeira apresentação do novo presidente iraniano, Hassan Rohani, que tenta convencer o Ocidente das boas intenções do seu país no campo da energia nuclear.
Rohani, que substituiu o desafiador Mahmud Ahmadinejad, poderia, inclusive, apertar a mão de Obama, um avanço entre dois países que não têm relações diplomáticas desde 1979.
Mas apesar da declaração de Rohani de que o Irã nunca tentará desenvolver armas nucleares, Estados Unidos e seus aliados se mantêm céticos e por enquanto não haveria modificações para flexibilizar o regime de sanções que asfixia a economia iraniana.
O encontro anual da ONU em Nova York servirá, ainda, para passar em revista os pontos quentes do planeta (Mali, Iêmen, Líbia, República Democrática do Congo), em um mundo sempre em convulsão e sob a ameaça do terrorismo, como demonstrou o ataque deste fim de semana em Nairóbi, no Quênia.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que no ano passado foi protagonista de um dos momentos fortes da assembleia, mostrando o desenho de uma suposta bomba atômica iraniana, será o último orador, na terça-feira seguinte, 1; de outubro.