Agência France-Presse
postado em 22/09/2013 17:31
Segundo a Cruz Vermelha, o ataque já deixou 68 mortos, após os socorristas encontrarem mais nove corpos na região do shopping. Há ainda 175 feridos, incluindo muitos estrangeiros. O Centro de Operações para Desastres Nacionais do Quênia informou em uma mensagem no Twitter que há "intensos combates em curso" e desejou "boa sorte aos nossos homens que estão no edifício Westgate". Forças especiais israelenses chegaram neste domingo para apoiar as forças quenianas, indicou à AFP uma fonte que pediu o anonimato.
Na tarde deste domingo eram ouvidos tiros esporádicos, 30 horas depois do início do ataque ao centro comercial pelas mãos de um grupo de homens encapuzados, que entrou disparando com armas automáticas e lançando granadas contra clientes e funcionários. Segundo a ministra encarregada dos franceses no Exterior, Hél;ne Conway-Mouret, os terroristas "executaram todos que estavam em seu caminho". "Entraram no shopping para matar, para provocar o maior número de vítimas".
As duas francesas - mãe e filha - mortas no ataque "foram covardemente atacadas, executadas no estacionamento do shopping quando chegavam para fazer compras", declarou Conway-Mouret ao canal de televisão BFM-TV. O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, declarou neste domingo que seu sobrinho e a noiva dele estavam entre as vítimas fatais do ataque. "Não poderão escapar das consequências de seus atos desprezíveis e brutais", disse Kenyata em um emotivo discurso à nação. "Castigaremos os autores intelectuais" deste ataque", garantiu.
O médico peruano Juan Jesús Ortiz, ex-vice-diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Quênia, figura entre os falecidos, informou neste domingo a chancelaria peruana. Ortiz, de 63 anos, estava no shopping com a filha, que ficou ferida e recebeu atendimento médico, disse a fonte. Ortiz trabalhava como consultor internacional da Unicef e do Banco Mundial em saúde pública em Nairóbi, onde vivia há anos.
[SAIBAMAIS]O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou que o ataque foi um ato completamente reprovável. "Este ato premeditado, que ataca civis indefesos, é totalmente reprovável. Os autores devem ser conduzidos à justiça o quanto antes", lamentou. Na manhã deste domingo foi ouvido um intenso tiroteio procedente do interior do shopping, cercado pelas forças de segurança, que receberam importantes reforços e proibiram o acesso dos jornalistas. "Um número não conhecido de agressores continua no local, entre 10 e 15", declarou o ministro do Interior, Ole Lenku.
"Tememos que o número de mortos seja muito maior que o que temos, a julgar pelos corpos que vimos dentro" do centro comercial, disse uma autoridade policial depois das informações recebidas sobre a presença de diversos corpos dentro do prédio. "Há mais mortos no interior e alguns criminosos seguem armados, lançam granadas e disparam contra a polícia", disse esta fonte policial. "O balanço pode ser muito, muito maior", ressaltou.
Três britânicos, uma holandesa, um sul-africano, uma sul-coreana e dois indianos, além do famoso poeta ganês Kofi Awoonor, estão entre os mortos. Muitos soldados com capacetes e coletes à prova de balas, alguns com lança-granadas, estão mobilizados nos arredores do centro comercial. Clientes e funcionários do shopping, traumatizados e presos por longas horas no estabelecimento, saíram na noite de sábado em pequenos grupos à medida que avançava a lenta e prudente operação das forças de segurança.
Os feridos e os corpos das vítimas já recolhidos foram transferidos pelos serviços de emergência. Este centro comercial, aberto em 2007 e com uma participação de capital israelense, tem restaurantes, cafés, bancos, várias salas de cinema e um grande supermercado, onde no sábado muitas famílias faziam compras. As empresas de segurança mencionavam regularmente o Westgate Mall, que atrai milhares de pessoas, como possível alvo de grupos relacionados à Al-Qaeda.
Os ;shebab; reivindicam o massacre
Na noite de sábado, o grupo somali shebab, vinculado à Al-Qaeda, reivindicou através do Twitter o massacre e afirmaram que a operação é uma represália contra a intervenção das tropas quenianas na Somália, ressaltando que já "preveniram o Quênia em diversas ocasiões". "A mensagem que enviamos ao governo e à população quenianos é e será sempre a mesma: retirem todas as suas forças de nosso país", acrescentou a mensagem dos islamitas somalis.
As Forças Armadas quenianas penetraram na Somália em 2011 e desde então mantêm sua presença no sul do país no âmbito de uma força africana multinacional que apoia o governo somali em sua luta contra os shebab.