Dacca - Centenas de milhares de trabalhadores do setor têxtil de Bangladesh protestaram nesta segunda-feira (23/9) nas ruas e incendiaram ateliês para exigir 100 dólares mensais de salário mínimo, cinco meses após um dramático acidente industrial. Cerca de 200 mil trabalhadores protestaram nesta segunda-feira (23) pelo terceiro dia consecutivo, segundo Abdul Baten, chefe da polícia do distrito de Gazipur, perto da capital Daca, que abriga centenas de ateliês têxteis.
Temendo atos de vandalismo dos manifestantes, 300 fábricas fecharam suas portas nesta segunda-feira (23), disse à AFP seu adjunto, Mustafizur Rahman. "A situação é muito volátil. A polícia disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os trabalhadores incontroláveis", acrescentou, antes de informar que várias dezenas de funcionários e alguns policiais ficaram feridos.
[SAIBAMAIS]As manifestações para protestar contra os baixos salários e as deploráveis condições de trabalho atingiram o setor têxtil em Bangladesh após o desabamento em abril de um edifício, o Rana Plaza, no qual mais de 1.100 pessoas morreram. No bairro de Savar, onde o edifício desabou, trabalhadores irados incendiaram ao menos dois ateliês, declarou Reaz-Bin-Mahmood, vice-presidente da associação de fabricantes e exportadores de roupa de Bangladesh.
Milhares de trabalhadores atacaram um centro de policiais reservistas 40 km ao norte de Daca, deixando três policiais feridos, disse à AFP o oficial Rafiqul Islam. Shahidul Islam Sabukh, representante sindical, advertiu que as manifestações podem se prolongar até que os trabalhadores conquistem o que exigem.
"Cem dólares é o mínimo que exigimos. Um trabalhador precisa de dinheiro para viver decentemente", disse à AFP. Bangladesh é o segundo exportador de roupas no mundo e abastece empresas importantes, como a americana Walmart, a francesa Carrefour ou a sueca H. Pilar econômico, o setor, com suas 4.500 fábricas, representa 80% das exportações anuais do país, que chegam a 27 bilhões de dólares.
Mas a grande maioria dos três milhões de trabalhadores recebe um salário base mensal de 3.000 takas (38 dólares), um dos menores do mundo, em virtude de um acordo assinado em agosto de 2010 entre sindicatos, governo e fabricantes.