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Irmandade Muçulmana denuncia decisão política após interdição no Egito

Desde a destituição e prisão em 3 de julho de Morsy, o novo governo instalado pelo Exército afirma "lutar contra o terrorismo"

Agência France-Presse
postado em 23/09/2013 13:17
Cairo - A Irmandade Muçulmana egípcia classificou nesta segunda-feira (23/9) o julgamento proibindo suas atividades como "político e manchado pela corrupção", e prometeu permanecer "no terreno". A confraria, da qual o presidente deposto pelo Exército Mohamed Morsy faz parte, reagiu em sua conta oficial no Twitter à decisão de um tribunal que proibiu horas antes suas "atividades" e ordenou o confisco de seus bens, em um último episódio da campanha orquestrada pelos militares contra o movimento islâmico.

[SAIBAMAIS]"A junta militar tenta silenciar quem se opõe (a ela). O julgamento (ordenando a) dissolução é politicamente motivado e faz parte da repressão em curso contra a Irmandade Muçulmana", afirmou a organização, que promete "permanecer sempre presente no terreno, mesmo após sua dissolução". "Não importa o que os regimes fascistas usem para eliminar (a Irmandade Muçulmana), a dissolução não afetará a organização", acrescentou o movimento islâmico.

"A Irmandade Muçulmana faz parte da sociedade egípcia, as decisões judiciais marcadas pela corrupção não podem nos atingir", insistiu. A decisão do tribunal que se reuniu nesta segunda-feira se aplica à Irmandade - que não tem existência legal -, bem como à Associação do Irmãos Muçulmanos, uma ONG criada sob a presidência de Morsy e acusada de servir de fachada para a Irmandade, mas também a "qualquer organização que emana ou é financiada por ela".



Desde a destituição e prisão em 3 de julho de Morsy, o novo governo instalado pelo Exército afirma "lutar contra o terrorismo". A repressão implacável contra a Irmandade Muçulmana e os partidários de Morsy atingiu seu clímax em 14 de agosto, quando o Exército e a polícia destruíram dois acampamentos de milhares de islamitas, que exigiam o retorno ao poder do primeiro presidente democraticamente eleito do país.

Durante a semana que se seguiu, mais de mil pessoas foram mortas, a grande maioria manifestantes pró-Morsy. Ao mesmo tempo, mais de 2.000 muçulmanos foram presos. Os principais líderes da Irmandade Muçulmana estão atualmente atrás das grades ou na clandestinidade e os seus bens foram congelados há uma semana.

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