Agência France-Presse
postado em 23/09/2013 19:37
Nairóbi - O shopping Westgate de Nairóbi era um dos símbolos da crescente prosperidade do Quênia, mas, desde o início da invasão no sábado, se transformou em cenário de um dos piores ataques da história do leste africano, com 62 mortos até o momento.
A jornalista da AFPTV Nichole Sobecki foi a única repórter de televisão que conseguiu entrar no shopping imediatamente depois do início do ataque. Segue abaixo o relato de Nichole:
"Estava em casa editando quando um vizinho me contou que havia um ataque. Liguei para a AFP e, depois, para o meu marido, Tyler Hicks, fotógrafo do ;New York Times;.
Nesse momento, ele estava em uma loja perto do shopping, pegando umas fotos do nosso casamento. Tinha apenas uma câmera pequena e me pediu que levasse o equipamento dele.
Peguei suas câmeras e a minha câmera de vídeo e fui para o local cobrir o que estava acontecendo para a AFP. Cobri muitos conflitos, entre eles os da Somália, Líbia e Afeganistão. Então, estou acostumada a ver cenas de violência. Mas ver que isso estava acontecendo em um shopping que eu conheço bem, a pouca distância da minha casa, era totalmente surreal.
Ao chegar ao local, as pessoas saíam correndo do prédio, muitas chorando. Os feridos eram ajudados por outras pessoas, enquanto carros se transformaram em ambulâncias, levando as vítimas para os hospitais.
Eu me dirigi para uma área próxima da entrada principal, onde havia um grupo de jornalistas e médicos. De fora, não conseguia ter uma ideia clara do que estava acontecendo lá dentro, onde as forças de segurança enfrentavam os agressores.
[SAIBAMAIS]Foi então que eu entrei. Meu marido e eu chegamos ao terceiro andar, e eu me juntei a um grupo das forças de segurança que tentava bloquear os elevadores para impedir que os agressores os utilizassem. Do terceiro andar, vi vários corpos nos andares mais baixos.
No primeiro andar, uma mulher deitada com o rosto virado para o chão protegia duas crianças com um braço, poucos antes de ser atendida pelas forças de segurança.
-- Sensação de perigo por todos os lados --
A música ambiente do shopping era o som de fundo para os confrontos armados. As forças de segurança, com as quais eu estava, começaram a percorrer as lojas, procurando os invasores e tentando retirar os civis.
Assim, chegamos a um restaurante de comida japonesa, onde uma faxineira e dois homens haviam se escondido. No cinema, as tropas retiraram dezenas de civis que estavam nas escadas rolantes. As televisões de uma loja de jogos mostravam imagens do assalto, e ouvimos boatos de que os bandidos levavam explosivos presos aos corpos.
Ficamos ali por cerca de três horas, durante as quais não vi os agressores. As únicas armas que eu vi foram as das forças de segurança, mas a sensação de perigo estava por todo lado. Era estressante. Tentei me manter tranquila e tomar decisões claras.
Depois de algumas horas, conseguimos chegar ao térreo, onde vários soldados combatiam os agressores no supermercado.
-- Corpos empilhados pelos assaltantes --
As pernas de outra vítima podiam ser vistas atrás de uma estátua. Membros das forças de segurança continuavam chegando ao edifício e pediram que eu e outros jornalistas saíssemos pela porta principal, onde os criminosos haviam empilhado corpos para impedir o acesso.
Em meio a essas cenas de horror, também fui testemunha de alguns momentos de companheirismo: estranhos que se ajudavam, muita gente esperando em fila indiana para doar sangue... Em um país caracterizado por suas divisões, espero guardar esses detalhes de um dos dias mais nefastos do Quênia".
A jornalista da AFPTV Nichole Sobecki foi a única repórter de televisão que conseguiu entrar no shopping imediatamente depois do início do ataque. Segue abaixo o relato de Nichole:
"Estava em casa editando quando um vizinho me contou que havia um ataque. Liguei para a AFP e, depois, para o meu marido, Tyler Hicks, fotógrafo do ;New York Times;.
Nesse momento, ele estava em uma loja perto do shopping, pegando umas fotos do nosso casamento. Tinha apenas uma câmera pequena e me pediu que levasse o equipamento dele.
Peguei suas câmeras e a minha câmera de vídeo e fui para o local cobrir o que estava acontecendo para a AFP. Cobri muitos conflitos, entre eles os da Somália, Líbia e Afeganistão. Então, estou acostumada a ver cenas de violência. Mas ver que isso estava acontecendo em um shopping que eu conheço bem, a pouca distância da minha casa, era totalmente surreal.
Ao chegar ao local, as pessoas saíam correndo do prédio, muitas chorando. Os feridos eram ajudados por outras pessoas, enquanto carros se transformaram em ambulâncias, levando as vítimas para os hospitais.
Eu me dirigi para uma área próxima da entrada principal, onde havia um grupo de jornalistas e médicos. De fora, não conseguia ter uma ideia clara do que estava acontecendo lá dentro, onde as forças de segurança enfrentavam os agressores.
[SAIBAMAIS]Foi então que eu entrei. Meu marido e eu chegamos ao terceiro andar, e eu me juntei a um grupo das forças de segurança que tentava bloquear os elevadores para impedir que os agressores os utilizassem. Do terceiro andar, vi vários corpos nos andares mais baixos.
No primeiro andar, uma mulher deitada com o rosto virado para o chão protegia duas crianças com um braço, poucos antes de ser atendida pelas forças de segurança.
-- Sensação de perigo por todos os lados --
A música ambiente do shopping era o som de fundo para os confrontos armados. As forças de segurança, com as quais eu estava, começaram a percorrer as lojas, procurando os invasores e tentando retirar os civis.
Assim, chegamos a um restaurante de comida japonesa, onde uma faxineira e dois homens haviam se escondido. No cinema, as tropas retiraram dezenas de civis que estavam nas escadas rolantes. As televisões de uma loja de jogos mostravam imagens do assalto, e ouvimos boatos de que os bandidos levavam explosivos presos aos corpos.
Ficamos ali por cerca de três horas, durante as quais não vi os agressores. As únicas armas que eu vi foram as das forças de segurança, mas a sensação de perigo estava por todo lado. Era estressante. Tentei me manter tranquila e tomar decisões claras.
Depois de algumas horas, conseguimos chegar ao térreo, onde vários soldados combatiam os agressores no supermercado.
-- Corpos empilhados pelos assaltantes --
As pernas de outra vítima podiam ser vistas atrás de uma estátua. Membros das forças de segurança continuavam chegando ao edifício e pediram que eu e outros jornalistas saíssemos pela porta principal, onde os criminosos haviam empilhado corpos para impedir o acesso.
Em meio a essas cenas de horror, também fui testemunha de alguns momentos de companheirismo: estranhos que se ajudavam, muita gente esperando em fila indiana para doar sangue... Em um país caracterizado por suas divisões, espero guardar esses detalhes de um dos dias mais nefastos do Quênia".