Agência France-Presse
postado em 24/09/2013 12:35
Roma - A prestigiosa teóloga italiana Lucetta Scaraffia sugeriu ao papa Francisco a nomeação de uma mulher cardeal como forma de incentivar o papel da mulher dentro da Igreja, segundo artigo publicado nesta terça-feira (24/9) no jornal italiano Il Messaggero. "Seria o caminho para conferir autoridade e respeito às mulheres dentro da Igreja. Isso seria possível sem entrar no delicado problema da ordenação sacerdotal para as mulheres", afirmou no artigo.[SAIBAMAIS]A respeitada teóloga, que colabora com o jornal do Vaticano L;Osservatore Romano, afirma tratar-se de uma ideia que circula entre alguns ambientes católicos, que pedem que se resolva um dos temas pendentes da Igreja: o papel da mulher dentro da milenar instituição. O título cardinalício é honorário e, segundo o direito canônico, não se pode ter acesso a ele sem ser religioso, apesar de, no passado, vários laicos terem sido designados "príncipes" da Igreja. Na semana passada, em uma inédita entrevista concedida ao jesuíta Antonio Spadaro, durante o mês de agosto, e publicada simultaneamente em 16 revistas da Companhia de Jesus em todo o mundo, Francisco refletiu sobre o papel da mulher dentro da Igreja. "É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja", assegurou o Papa, que ressaltou que "o gênio feminino é necessário nos locais onde são tomadas decisões importantes".
"Maria, uma mulher, é mais importante que os bispos. Digo isso porque não se pode confundir a função com a dignidade", sustentou o Papa, que defende a elaboração de "uma teologia profunda da mulher". "Enfrentamos hoje este desafio: refletir sobre o posto específico da mulher, inclusive ali onde é exercida a autoridade nos âmbitos da Igreja", ressaltou. Não está excluído que o tema seja abordado em outubro pelos 8 cardeais que encarregados do estudo de uma reforma da Igreja.
Para Scaraffia, a designação de uma mulher no Sagrado Colégio de Cardeais representaria um "gesto forte, significativo, similar aos que o papa Francisco está cumprindo". Esse gesto sacudiria o undo eclesiástico, formado apenas por homens, apesar de dois terços dos religiosos do mundo serem mulheres. Na Cúria Romana, a máquina da Santa Sé possui apenas três mulheres em cargos elevados, mas nenhuma com posto de responsabilidade.