Agência France-Presse
postado em 24/09/2013 13:57
Nairóbi - O presidente queniano, Uhuru Kenyatta, anunciou nesta terça-feira o fim do ataque ao shopping Westgate de Nairóbi, ocupado desde sábado por um grupo radical islâmico armado e onde 67 pessoas foram mortas. Depois de mais de três dias de cerco, "humilhamos e vencemos os agressores. Essa parte de nosso trabalho terminou", declarou o presidente em um discurso televisionado.
Segundo ele, o ataque ao centro comercial, reivindicado pelos insurgentes islamitas somalis shebab ligados à Al-Qaeda, terminou com 61 civis e seis membros das forças de segurança mortos. Esse registro ainda é provisório, já que "durante a operação, três andares do Westgate desabaram e os corpos continuam presos nos escombros, incluindo os dos terroristas".
[SAIBAMAIS] Em consequência, "declaro três dias de luto nacional a partir de amanhã (quarta-feira), durante os quais as bandeiras serão hasteadas a meio mastro", indicou o chefe de Estado queniano. Entre os agressores, "cinco terroristas morreram e 11 suspeitos foram detidos", informou. "Esses covardes enfrentarão a justiça, assim como seus cúmplices e líderes, onde quer que estejam", prometeu.
"Informações dos serviços de inteligência sugerem que uma mulher britânica e dois ou três cidadãos americanos estariam envolvidos no ataque. (...) Nós não podemos confirmar os detalhes neste momento, mas médicos legistas trabalham para estabelecer as nacionalidades dos terroristas", assegurou.
No início da noite desta terça, uma nova operação foi iniciada para assegurar que todos os membros do grupo radical tinham sido neutralizados, afirmaram à AFP fontes concordantes. "Uma operação de busca está em andamento", indicou uma fonte diplomática que pediu anonimato.
De acordo com uma fonte da segurança queniana, que penetrou várias vezes no prédio nesta terça-feira, uma primeira varredura foi realizada esta tarde, e se deparou com a resistência de alguns islamitas. Confirmando a nova operação, a segunda fonte acrescentou que as forças especiais "vasculham loja por loja para garantir que não há" mais atacantes.
Depois de anunciar que o cerco ao shopping havia terminado, o presidente queniano disse que as perdas para o Quênia causadas pelo ataque do grupo shebab foram imensas. Os islamitas somalis shebab ameaçaram o Quênia com mais ataques, afirmando que ainda tinham reféns no centro comercial.
Em uma nova mensagem postada na internet, o porta-voz dos shebab, Sheikh Ali Mohamud Rage, voltou a afirmar que o ataque é "uma resposta da nação islâmica à ingerência nos assuntos da Somália por parte do governo do Quênia", em referência à intervenção militar queniana na Somália no final de 2011.
"Fazemos uma advertência ao governo queniano e a todos os que o apoiam: se quiserem a paz, que deixem nosso território, parem com sua ingerência em nossos assuntos, libertem nossos prisioneiros e parem com todas as formas de combate contra a nossa religião", declarou Mohamud Rage.
As forças quenianas indicaram que desativaram os explosivos colocados em vários pontos do edifício. Parte do telhado do centro comercial, que sofreu um violento incêndio na véspera, desabou nesta terça. Cerca de 60 pessoas continuam desaparecidas.
"Os reféns detidos pelos mujahedines no interior do (shopping) Westgate ainda estão vivos, machucados, mas vivos", escreveram nesta terça-feira os membros das milícias shebab, afiliados à Al-Qaeda, em sua conta no Twitter. ;Viúva branca;: inglesa acusada de envolvimento em atentado
A polícia afirmou que investiga informações segundo as quais a britânica Samantha Lewthwaite, de 29 anos, filha de um militar e viúva de um dos autores dos atentados de Londres em 2005, estaria entre os extremistas. O governo britânico se negou a especular sobre a presença de um de seus cidadãos entre os islamitas. Além disso, dois ou três americanos também estariam envolvidos no ataque. Lewthwaite era procurada no Quênia, acusada de estar envolvida com os shebab.
Já os americanos seriam "jovens, de 18 e 19 anos, de origem somali ou árabe, mas que vivem nos Estados Unidos, em Minnesota e em outro local", segundo a ministra das Relações Exteriores, Amina Mohamed. Ao menos 16 estrangeiros foram mortos no ataque, incluindo um médico peruano, duas francesas, um sul-africano, uma sul-coreana, um holandês, dois indianos e dois canadenses, assim como um conhecido poeta e político ganês, Kofi Awoonor.