Agência France-Presse
postado em 24/09/2013 19:43
O presidente americano, Barack Obama, pediu nesta terça-feira (24/9) aos países membros das Nações Unidas que adotem uma resolução enérgica sobre a Síria. A Rússia, aliada dos sírios, tenta negociar a entrega das armas químicas de Damasco.Em seu discurso em Nova York, Obama exigiu "uma resolução sólida do Conselho de Segurança para verificar se o regime de (Bashar al) Assad respeita seus compromissos" e está destruindo seu arsenal de armas químicas, conforme acordado com a Rússia.
"Se não conseguirmos chegar a um acordo nem mesmo sobre isso, mostraremos que a ONU é incapaz de fazer que a mais básica das leis internacionais seja respeitada", afirmou. "Os Estados Unidos estão preparados para usar todos os elementos em seu poder, incluindo a força militar" para garantir seus interesses na região, advertiu, deixando a porta aberta para uma intervenção na Síria, onde a guerra civil já deixou 110 mil mortos em 30 meses.
Obama criticou os que duvidam da responsabilidade de Damasco nos ataques com armas químicas de 21 de agosto, que quase levaram a uma intervenção militar americana. Segundo Washington, mais de 1.400 pessoas morreram.
Nesta terça-feira, a Rússia admitiu que uma resolução do Conselho de Segurança sobre a Síria pode "mencionar" o Capítulo VII da Carta da ONU, que permite aplicar duras sanções ou o uso da força, mas que isso não implicará o recurso automático da força.
"O Capítulo VII pode ser mencionado apenas como uma das medidas" a serem adotadas posteriormente, no caso de violação dos compromissos firmados, ou "se alguém, não importa quem, usar armas químicas", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, perante a Duma (Câmara Baixa russa).
França espera resolução com ;medidas coercitivas;
Há uma semana, russos e ocidentais se enfrentam no campo diplomático sobre o conteúdo da resolução que deve ser adotada no Conselho de Segurança da ONU, após a adoção, em Genebra, no dia 14 de setembro de um plano russo-americano para desmantelar o arsenal químico sírio.
Os ocidentais querem uma resolução "vinculante", o que seria o caso se fosse adotada sob o capítulo VII da Carta da ONU. Já a Rússia se opõe, defendendo que essas medidas sejam alvo, eventualmente, de uma segunda resolução, a ser votada em caso de violação dos compromissos anteriores acordados pela Síria.
Em sua intervenção na Assembleia Geral da ONU, o presidente francês, François Hollande, pediu que o Conselho adote uma resolução que preveja "medidas coercitivas", como plano B.
Hollande pôs três "exigências", entre elas, a inclusão de medidas estabelecidas no Capítulo VII, "que abriria o caminho para uma possível ação armada contra o regime, em caso de descumprimento de suas obrigações".
Antes, em seu discurso de abertura na Assembleia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, havia pedido à comunidade internacional que "pare de alimentar o derramamento de sangue" na Síria.
"A vitória militar é uma ilusão. A única resposta é um acordo político", disse Ban na Assembleia, que reúne 130 chefes de Estado e de governo.
Ban Ki-moon disse esperar a "adoção iminente" de uma resolução, que "deve ser seguida imediatamente de uma ação humanitária" na Síria, onde dois milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas.
É o "maior desafio à paz e à segurança no mundo", afirmou o chefe da ONU.
Freiras presas em um convento
No campo de batalha, quase 40 freiras e órfãos estavam bloqueados em um convento da cidade cristã síria de Maaloula, palco de tiroteios entre o Exército e os rebeldes, denunciou nesta terça o patriarcado greco-ortodoxo de Antióquia e de todo o Oriente.
O convento fica entre a colina de Maaloula, ocupada pelos rebeldes, e a praça da cidade, sob controle do Exército.
Os rebeldes assumiram o controle da cidade em 9 de setembro. Três dias depois, o Exército sírio entrou na localidade para expulsá-los e, desde então, os tiroteios são diários.
Maaloula, a cerca de 55 km de Damasco, é uma das cidades cristãs mais conhecidas da Síria, e seus moradores falam aramaico. Também é conhecida por seus abrigos troglodíticos que datam dos primeiros séculos do Cristianismo.