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Tribunal russo ordena prisão preventiva de 17 ativistas do Greenpeace

Entre os detidos está o capitão do navio do Greenpeace, o americano Peter Willcox, que ocupava esse mesmo posto à frente do Rainbow Warrior em 1985

Agência France-Presse
postado em 26/09/2013 18:06
Um tribunal russo ordenou nesta quinta-feira (26/9) a permanência em detenção durante dois meses de 13 ativistas estrangeiros e de quatro russos do Greenpeace, acusados de pirataria por uma ação de protesto contra o gigante do gás Gazprom no Ártico.

Um tribunal de Murnmansk, no noroeste da Rússia, determinou a prisão provisória de ativistas procedentes de Polônia, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Turquia, Dinamarca e França.

Entre os detidos está o capitão do navio do Greenpeace, o americano Peter Willcox, que ocupava esse mesmo posto à frente do Rainbow Warrior em 1985, quando o barco da ONG ambientalista foi afundado pelos serviços secretos franceses.

Uma decisão semelhante foi aplicada para o suíço Marco Weber, que em 18 de setembrou escalou a plataforma petroleira Prirazlomnaya, da Gazprom, para protestar contra os projetos de exploração de petróleo nesta zona.

Os ativistas fazem parte de um grupo de 30 detidos de dezoito nacionalidades - entre eles a brasileira Ana Paula Maciel e dois argentinos -, que são acusados de pirataria, um crime que pode valer uma pena de até 15 anos de prisão.

Foram presos no dia 19 de setembro por um comando das forças de segurança russas que tomaram o controle do quebra-gelos "Artic Sunrise", de bandeira holandesa.



O fotógrafo freelance russo Denis Siniakov e outros três cidadãos russos também permanecerão dois meses na prisão.

Os ativistas negam as acusações de "pirataria" e insistem que sua ação de protesto contra a plataforma da Gazprom no Ártico era pacífica.

Já o porta-voz da Gazprom, Sergei Kuprianov, declarou nesta quinta que o Greenpeace agiu "de forma totalmente ilegal".

A comissão judicial russa a cargo da investigação do caso advertiu antes das audiências desta quinta-feira que pediria que todos os militantes continuassem detidos.

Segundo o Greenpeace, os investigadores realizaram este pedido ao estimarem que, se fossem colocados em liberdade, os ativistas poderiam fugir da Rússia ou continuar com suas atividades criminosas.

Holanda pede libertação

O assunto pode se converter em um conflito diplomático.

A Holanda pediu a libertação da tripulação do "Artic Sunrise" e indicou que poderia iniciar "diligências legais (para obtê-la), inclusive ante o Tribunal Internacional da ONU para o Direito do Mar", anunciou na quarta-feira o chefe da diplomacia holandesa, Frans Timmermans.

A chancelaria argentina, através de seu embaixador na Rússia, Juan Carlos Kreckler, apresentou um documento pedindo a libertação dos dois argentinos detidos, disse na quarta-feira o diretor-executivo do Greenpeace em Buenos Aires, Martín Prieto, em declarações à imprensa. A AFP não pôde confirmar o envio ou o conteúdo da carta.

Já o governo brasileiro trabalhava para saber a situação da bióloga detida, originária do Rio Grande do Sul.

O presidente russo, Vladimir Putin, admitiu na quarta-feira que os 30 tripulantes do barco do Greenpeace não são piratas, mas atacou os métodos da organização.

"É completamente óbvio que estas pessoas violaram a lei internacional", disse Putin em um fórum internacional sobre o Ártico na cidade de Salejard (norte), antes de acrescentar que a guarda-costeira russa não sabia quem tentava escalar a plataforma petrolífera da Gazprom.

Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace International, que classificou as acusações de pirataria de absurdas, não acredita que a guarda-costeira desconhecia que a operação era realizada pela organização ecologista.

"Eles nos seguiram durante 24 horas antes do início do protesto. Temos uma longa história de militância pacífica na Rússia e as autoridades nos conhecem muito bem", acrescentou em um comunicado.

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