Agência France-Presse
postado em 27/09/2013 19:58
A disputa orçamentária entre o presidente Barack Obama e a oposição republicana no Congresso chegou a seu ponto máximo nesta sexta-feira(27/9): nenhuma das partes quer ceder e os Estados Unidos podem fechar serviços públicos e cair em default.
"Minha mensagem ao Congresso é esta: não bloqueiem o Estado, não bloqueiem a economia, votem um orçamento a tempo, paguem nossas dívidas a tempo", disse Obama em um discurso na Casa Branca.
A difícil batalha entre o presidente e o partido democrata e a oposição republicana não dá mostras de ceder com a aproximação do prazo legal para que o Congresso aprove um orçamento 2013-2014 que permita ao Estado continuar funcionando plenamente e evite que o país caia em default.
"Nos próximos três dias, os republicanos da Câmara (de Representantes) deverão decidir se unir ao Senado e manter o governo funcionando ou bloqueá-lo porque não podem obter o que querem em algo que não tem nada a ver com o déficit", disse o presidente.
Os republicanos da Câmara enviaram um projeto de orçamento ao Senado com fortes cortes nos fundos para a reforma de saúde do presidente e o Senado o modificou, votou e aprovou nesta sexta-feira repondo esses fundos.
[SAIBAMAIS]Agora o texto voltará à Câmara, onde há poucas perspectivas de que a oposição o aprove. O mais provável é que seja novamente modificado e reenviado ao Senado, o que poderia esgotar o tempo para que os Estados Unidos se dotem de um orçamento dentro dos marcos legais regulamentares.
"Na terça-feira, 40 milhões de norte-americanos poderão finalmente adquirir seguros médicos de qualidade e acessíveis como qualquer outra pessoa", disse Obama.
"Isso está feito" apesar de o governo estar bloqueado, destacou Obama ao defender sua reforma - conhecida como "Obamacare"- que por lei determina a obrigatoriedade dos seguros de saúde e os subsidia a quem não pode custeá-lo.
Por outro lado, os serviços públicos federais podem ordenar férias forçadas sem remuneração para os funcionários que trabalham em serviços considerados não-essenciais a partir da primeira terça-feira de outubro.
O Congresso tem até segunda-feira às 23h59 locais para aprovar um projeto de lei comum ao Senado, controlado pelos democratas e a Câmara de Representantes, sob mando republicano.
Teto da dívida
O Congresso também deverá se pronunciar sobre o mesmo texto quanto ao teto da dívida legal do país, atualmente em 16,7 trilhões de dólares e já superado (o Tesouro estabeleceu medidas extraordinárias para financiar as necessidades de gasto público).
O presidente alertou que se essa quantia não é elevada e o país entrar em default pela primeira vez em sua história, teria consequências "em todo o mundo".
"Haveria um freio econômico com impactos não apenas aqui, mas em todo o mundo", disse.
"Teria um profundo efeito desestabilizador em toda a economia. Na economia mundial, porque os Estados Unidos são o sustento dos investimentos no mundo", explicou.
Em 2011, uma disputa similar no Congresso, com republicanos criticando o alto gasto público e pedindo cortes e os democratas batalhando por mais fundos, levou o país à beira do default.
A agência de classificação de risco Standard & Poor;s tirou então a nota "triplo A" para sua dívida soberana, a mais alta de sua escala.
Fim de semana agitado
A Câmara deve votar novamente no sábado e no domingo, mas o líder da maioria republicana, John Boehner, não disse que tipo de modificação farão especificamente sobre o projeto.
Se não chegarem a um acordo, além dos serviços públicos serem fechados, 1,4 milhão de militares continuarão trabalhando sem receber temporariamente seu pagamento.
Os economistas consideram que um fechamento prolongado dos serviços públicos poderia cortar o crescimento do último trimestre. Wall Street fechou a semana em queda devido a esta batalha política.
Obama disse que a não-aprovação de um orçamento seria um freio em coletiva a uma economia que "começa a se recuperar".