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Crise afeta a Itália após renúncia de ministros do partido de Berlusconi

A partir de agora, os jogos políticos estão abertos: Letta pode tentar formar um segundo governo contando com o apoio da esquerda. Parece improvável o retorno dos ministros do PDL

Agência France-Presse
postado em 28/09/2013 18:08
Roma - Os ministros do Povo da Liberdade (PDL, centro-direita), o partido do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, renunciaram neste sábado a seus cargos, gerando uma nova crise governamental que o primeiro-ministro considerou como um "gesto louco e irresponsável".

Esses ministros consideram inaceitável e inadmissível o ultimato do chefe de governo, Enrico Letta, disse neste sábado um porta-voz do vice-primeiro-ministro italiano, Angelino Alfano, secretário do PDL.

Na sexta-feira, Letta, farto das ameaças dos deputados do partido do ;Cavaliere;, que há dias ameaçavam renunciar se o senado retirasse a cadeira de Berlusconi por sua condenação de fraude, anunciou que pedirá o voto de confiança do parlamento.

Neste sábado, ele classificou a renúncia de seus ministros como gesto louco e irresponsável, "totalmente destinado a proteger os interesses pessoais" de Berlusconi, segundo comunicado.

Na sexta-feira, o presidente do Conselho exigiu "obter um esclarecimento político [...] no Parlamento entre as forças da maioria" de centro-esquerda e centro-direita, segundo o comunicado.

"Não estou disposto a levar adiante sem este esclarecimento [...] Ou colocamos o país e o interesse de seus cidadãos à frente ou paramos esta experiência", alertou Letta, que há cinco meses dirige um governo de coalizão direita-esquerda, que recebeu a confiança dos mercados.

Pouco antes, Berlusconi convidou os ministros do PDL a "avaliar a possibilidade de apresentar imediatamente sua renúncia para não serem cúmplices de uma posterior vexação imposta pela esquerda aos italianos". Na sexta-feira, uma comissão do Senado votará se Berlusconi mantém ou perde sua cadeira.

[SAIBAMAIS]

Segundo o PDL, este voto é fruto do complô de uma esquerda decidida a acabar com a carreira de Berlusconi, que foi condenado no dia 1; de agosto de forma definitiva a uma pena de prisão de quatro anos (reduzida a um) por fraude fiscal.

O magnata das comunicações, de 77 anos, que governou a Itália durante 12 dos últimos 19 anos, escolheu cumprir sua condenação em sua casa de Roma ao invés de realizar trabalhos de interesse geral.

A ameaça dos deputados de Berlusconi de renunciar, o que poderia causar uma crise de governo, gerou duras reações do presidente da República, Giorgio Napolitano, já que o país também poderia ser paralisado, porque ainda não foram aprovados os orçamentos, chave para reativar uma economia em recessão há quase dois anos.

Napolitano, o único que pode dissolver o Parlamento e que aceitou permanecer em seu cargo para garantir o acordo político, pediu aos seguidores de Berlusconi que "respeitem o veredicto" da justiça.

A partir de agora, os jogos políticos estão abertos: Letta pode tentar formar um segundo governo contando com o apoio da esquerda. Parece improvável o retorno dos ministros do PDL.

Os mercados podem reagir negativamente à evolução da terceira economia da zona do euro, que tem dificuldades para sair da crise. A maioria que apoia o futuro governo pode ser reduzida, orientada mais à esquerda, o que pode reduzir sua margem de ação frente a uma grande coalizão. "A atitude dos políticos" só "prejudica o país no pior momento", disse este sábado o jornal Il Sole 24 Ore.

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Alguns líderes de formações como o movimento anti-partidário Cinco Estrelas querem novas eleições, mas esta hipótese é improvável, já que novas eleições podem colocar o país em um beco sem saída se a lei eleitoral não for modificada.O papel do presidente do país pode ser de novo essencial para sair da crise. Por sua vez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou a Itália, na sexta-feira, do "grande risco" que corre se houver crise de governo.

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