Agência France-Presse
postado em 30/09/2013 11:24
Bagdá - Ao menos 47 pessoas morreram e 140 ficaram feridas nesta segunda-feira (30/9) em outra onda de atentados no Iraque, cometidos principalmente contra a minoria xiita, indicaram autoridades médicas e dos serviços de segurança. Estas explosões são o último episódio de uma série de ataques sectários no centro do país, que levantam os temores de um retorno ao conflito religioso entre xiitas e sunitas, que deixou dezenas de milhares de mortos e cujo auge foi registrado em 2006 e 2007.As bombas explodiram em nove zonas diferentes, seis delas de maioria xiita, uma mista e outra de maioria sunita. Os ataques mais mortíferos ocorreram em Kadhimiyá, uma área fundamentalmente xiita do norte de Bagdá, onde dois carros-bomba mataram pelo menos nove pessoas e feriram 19. Em Khadida, em Bagdá, uma bomba explodiu em um estacionamento incendiando veículos, destruindo um muro e quebrando as vitrines de lojas e de uma clínica para mulheres, indicou um jornalista da AFP.
Forças de segurança foram mobilizadas na área, onde fecharam as ruas e utilizaram cachorros especialmente treinados para buscar bombas. Nos últimos dias foram registrados vários ataques sectários. No domingo (29/9), um terrorista suicida realizou um atentado em uma mesquita xiita de Bagdá, provocando o desabamento do telhado e matando 47 pessoas. E na sexta-feira (27/9) várias bombas explodiram perto de duas mesquitas sunitas em Bagdá quando os fiéis saíam depois das orações, matando seis pessoas.
Outras bombas tomaram como alvo rezadeiras sunitas em Bagdá, no dia 23 de setembro, matando 15 pessoas, depois que um atentado contra um funeral sunita custou a vida de 12 pessoas no dia anterior. Por sua vez, bombas contra a comunidade xiita mataram 73 pessoas em Bagdá no dia 21 de setembro, depois que duas explosões em uma mesquita sunita do norte da capital custaram a vida de 18 pessoas no dia anterior.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse que está "cada vez mais preocupada pela situação no Iraque, onde as recentes ondas de violência sectária ameaçam provocar um novo deslocamento interno de iraquianos que tentam fugir dos bombardeios e de outros ataques". A ACNUR afirmou que 5.000 iraquianos já se deslocaram em 2013, somando-se aos mais de 1,13 milhão que fugiram ou foram obrigados a abandonar suas casas nos últimos anos.
A violência no Iraque chegou a um nível sem precedentes desde 2008, quando o país começava a sair do mortífero conflito sectário. Diplomatas e analistas afirmam que o governo dirigido pelos xiitas não conseguiu satisfazer as exigências da minoria árabe sunita, que se queixa da exclusão política e dos abusos das forças de segurança, o que desencadeou a espiral de violência.
As autoridades fizeram algumas concessões destinadas a acalmar os adversários do governo e os sunitas em geral, como a libertação de prisioneiros e aumentos dos salários dos sunitas que combatem a Al-Qaeda, mas ainda restam questões que precisam ser resolvidas. Por sua vez, a guerra civil na vizinha Síria aumentou a tensão religiosa no Iraque.