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Justiça da Rússia indicia outros ativistas do Greenpeace por pirataria

Os 30 ativistas estão detidos em Murmansk e proximidades, noroeste da Rússia, desde 19 de setembro, quando um comando da guarda costeira russa abordou o barco

Agência France-Presse
postado em 03/10/2013 11:12
Mosocu - A justiça russa indiciou nesta quinta-feira (3/10) por "pirataria" outros quatro ativistas do Greenpeace, em sua maioria estrangeiros, enquanto doze ainda esperam uma decisão. Na quarta-feira (2/10), quatorze ativistas, incluindo a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, detida na semana passada ao lado de outros 25 integrantes da organização após uma ação contra uma plataforma de petróleo no Ártico, fora indiciados.

[SAIBAMAIS]Na Rússia, o crime de pirataria pode ser punido com uma pena de entre 10 e 15 anos de prisão. Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International, denunciou uma decisão "irracional, que pretende intimidar e silenciar" a organização. Nesta manhã, os dezesseis outros detidos a bordo do Artic Sunrise foram levados ao Comitê de Investigação de Murmansk (noroeste). No início da tarde, quatro pessoas, a dinamarquesa Anne Mie Roer Jensen, o neozelandês Jonathan Beauchamp, o fotógrafo russo Denis Siniakov, e um porta-voz russo da ONG, Andre; Allakhverdov, foram acusados formalmente, segundo a conta do Twitter do Greenpeace.



A detenção de Siniakov, um fotografo free-lance que trabalhava no momento da operação do Greenpeace, provocou comoção na Rússia. A imprensa russa expressou sua solidariedade com o fotojornalista que já trabalhou para a AFP e a Reuters. Segundo a ONG, cerca de 800.000 pessoas, mais de 100 ONGs e personalidades como o ator britânico Ewan MacGregor e o cantor russo Iuri Chevtchuk, assinaram um pedido para a libertação dos ativistas. Os advogados dos trinta militantes formularam um recurso contra a sua detenção, indicou um porta-voz do tribunal Leninski de Murmansk.

Os 30 ativistas estão detidos em Murmansk e proximidades, noroeste da Rússia, desde 19 de setembro, quando um comando da guarda costeira russa abordou o barco, o ;Arctic Sunrise;, no qual navegava pelo mar de Barents (Ártico russo). Vários ativistas tentaram escalar uma plataforma petroleira da empresa russa Gazprom para denunciar o risco ecológico da atividade petroleira. O Comitê de Investigação russo, responsável pelas investigações criminais, iniciou processos por pirataria. Os militantes negaram as acusações e atribuíram à Rússia uma ação ilegal no barco em águas internacionais.

O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu na semana passada que os militantes não são piratas, mas violaram "as normas da lei internacional". Após as declarações, o comitê de investigação informou que as acusações poderiam ser reduzidas durante a investigação. Contudo, um porta-voz do Kremlin advertiu quarta-feira à noite que Putin expressou "sua opinião pessoal", mas que ele "não é nem investigador, nem procurador, nem juiz, nem advogado". O governo brasileiro anunciou na terça-feira que instruiu o embaixador do país em Moscou, Fernando Mello Barreto, a assinar uma carta de garantia que "deverá contribuir para o encaminhamento positivo do caso".

O ministério das Relações Exteriores informou à AFP que a carta de garantia assegura que Ana Paula Maciel comparecerá a todas as audiências da investigação. De acordo com Alexander Morozov, chefe de redação do site Rousski Journal, "a severidade das acusações está relacionada com o fato do Kremlin estar convencido que, por trás das ações do Greenpeace, se desenvolve um ;complô mundial;". "As autoridades russas acreditam que não se trata de associações civis, e sim de artimanhas da CIA, que é um ;comando;", declarou à AFP.

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