Agência France-Presse
postado em 03/10/2013 14:55
A pequena ilha italiana de Lampedusa, onde ao menos 130 pessoas perderam a vida nesta quinta-feira (3/10) em um naufrágio dramático, é há vários anos porta de entrada na Europa para milhares de imigrantes ilegais.
Embora os cerca de 6.000 moradores de Lampedusa tenham resistido nestes anos com sobriedade à emergência humanitária criada pela chegada dos imigrantes provenientes de África, Oriente Médio e Ásia, a situação econômica da ilha não é fácil.
A ilha, no arquipélago da Pelágias, no Mar Mediterrâneo, localizada a 205 km da ilha da Sicília e a 113 km da Tunísia, esteve ao longo dos séculos sob o domínio de gregos, romanos e árabes, passando depois às mãos de franceses e malteses, antes de se converter no território italiano mais ao sul.
Um simples e sugestivo monumento sobre o mar, chamado de "Porta da Europa", com objetos tridimensionais que lembram o que se carrega e se perde nesta dramática travessia, homenageia todos os imigrantes que perderam a vida tentando entrar no velho continente.
Um cálculo de 20.000 mortos nos últimos 25 anos, segundo dados das Nações Unidas.
O êxodo de imigrantes se intensificou após os protestos de 2011 no mundo árabe, razão pela qual a prefeita, Giusi Nicolini, pediu oficialmente ajuda à União Europeia.
O pároco de Lampedusa, Stefano Nastasi, escreveu ao papa argentino Francisco, filho de imigrantes italianos, quando foi eleito em março passado como pontífice, para que conhecesse de perto o drama.
"Que Lampedusa seja o farol do mundo, para que tenha a coragem de receber os que buscam uma vida melhor", pediu o Papa durante sua visita em julho de poucas horas à ilha, depois de agradecer aos ilhéus por sua ternura e solidariedade com os imigrantes.
Em 2011, cerca de 50.000 imigrantes sem documentos passaram pela ilha, que conta com um centro de detenção para os ilegais, no qual costuma haver problemas de superlotação.
Desde 1999, mais de 200 mil imigrantes transitaram por Lampedusa.
Em 2012, o número de ilegais caiu a 13.200 pessoas, segundo o Alto Comissariado para os Refugiados.
No entanto, em 2013 mais de 25.000 imigrantes desembarcaram na costa do sul do país (Sicília e Calábria), ou seja, quase três vezes mais que em 2012, indicaram números oficiais.