Rodrigo Craveiro
postado em 04/10/2013 06:10
Clique e ouça o áudio da entrevista exclusiva (em italiano)
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"Insuportável, vergonhosa. É a pior tragédia da história do Mar Mediterrâneo; Por telefone, Giusi Nicolini, prefeita da ilha italiana de Lampedusa, fez essa declaração ao Correio, horas depois de um naufrágio fazê-la chorar e comover o mundo. Na madrugada de ontem, um barco com cerca de 500 imigrantes africanos ; em sua maioria provenientes da Somália e da Eritreia ; pegou fogo e virou a apenas 0,3 milha náutica (550m) da costa. Até o fechamento desta edição, 130 corpos tinham sido resgatados, incluindo os de quatro crianças. As autoridades contabilizavam 155 sobreviventes e buscavam mais de 200 desaparecidos. ;A situação é dramática. Precisamos de um corredor humanitário, capaz de permitir a chegada desses estrangeiros à Europa;, defendeu a prefeita, que recebeu um telefonema do premiê da Itália, Enrico Letta. O chefe de governo comunicou a Nicolini a decisão do Conselho de Ministros de decretar luto nacional. Por meio do microblog Twitter, a prefeita convidou o primeiro-ministro a visitar a região. ;Caro Letta, venha contar os mortos comigo.;
Mais cedo, Nicolini foi às lágrimas ao conceder uma entrevista a emissoras de tevê. ;Não sabemos onde vamos colocar os vivos e os mortos. (;) Quão grande tem que ser o cemitério de minha ilha?;, perguntou. A 113km da costa africana, Lampedusa é a principal porta de entrada de imigrantes ; no primeiro semestre deste ano, 8 mil desembarcaram no local. O papa Francisco mostrou-se emocionado com o naufrágio na ilha, palco de sua primeira visita, em julho passado. ;Só me vem uma palavra: vergonha. É uma vergonha;, desabafou o argentino. ;Ao falar da desumana crise econômica mundial, (;) não posso deixar de recordar, com grande dor, as numerosas vítimas do enésimo trágico naufrágio ocorrido hoje (ontem), perto de Lampedusa;, acrescentou. O pontífice usou o Twitter para pedir orações em intenção dos mortos.
Sem ajuda
Por telefone, de Roma, Tommaso Della Longa ; porta-voz da Cruz Vermelha na Itália ; contou ao Correio que os ocupantes do barco acenderam fogo para chamar a atenção de outros navios. ;Alguns pediram ajuda a outras embarcações, mas elas não pararam;, disse o ativista, que viajaria hoje a Lampedusa. Segundo ele, a entidade pediu ao governo da Itália e à União Europeia (UE) para auxiliarem os imigrantes a alcançarem o continente com segurança. ;Temos um projeto, em cooperação com a Save The Children e com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), chamado Praesidium. Por meio dele, prestamos assistência legal e humanitária aos refugiados de Lampedusa;, comentou. Um sobrevivente confirmou ao jornal Corriere della Sera que 500 pessoas estavam a bordo. ;Saímos havia alguns dias do porto líbio de Misrata. Não podíamos nem nos mover. Durante a travessia, três barcos pesqueiros nos viram, mas nenhum nos socorreu.;
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