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Apoiadores de Mursi desafiam o Exército e prometem manifestações no Egito

O ex-presidente foi deposto pelos militares, que passaram a perseguir com extrema violência os apoiadores da Irmandade Muçulmana

Agência France-Presse
postado em 05/10/2013 19:44
Cairo - Os partidários do derrocado presidente islamita egípcio Mohamed Mursi desafiaram o Exército neste sábado, convocando novas manifestações para o domingo.

O Ministério do Interior advertiu que responderá com "firmeza" a qualquer tentativa de desordem durante as celebrações do 40; aniversário da guerra de 1973 contra Israel, que acontece neste domingo. Segundo veículos públicos de comunicação, as medidas de segurança foram reforçadas.

A Aliança contra o Golpe de Estado, dirigida pela Irmandade Muçulmana - o partido de Mursi -, pediu a seus militantes que se reúnam amanhã na emblemática praça Tahrir. Os acessos à praça já foram bloqueados pelos militares.

O movimento liderado pela Irmandade "reitera seu apelo a todos os egípcios para que continuem suas manifestações em todo o Egito e se reúnam no domingo, 6 de outubro, na Praça Tahrir, para homenagear o Exército dessa vitória, assim como seus dirigentes", anunciou a aliança, referindo-se à guerra de 1973.

Já o Tamarrod, movimento que promoveu as gigantescas manifestações que levaram à destituição de Mursi, também convocou manifestações "em todas as praças do Egito", no mesmo dia, para defender a revolução de 2011.



O conflito de 1973 - conhecido como Guerra de Outubro, nos países árabes, e Guerra de Yom Kippur, no Estado hebreu - é lembrado com orgulho no Egito. Junto com as forças sírias, os egípcios conseguiram surpreender as defesas israelenses durante a celebração do Yom Kippur (o Dia do Perdão), em Israel. Posteriormente, essa ofensiva permitiu a recuperação da Península do Sinai, graças ao tratado de paz firmado em 1979.

Neste sábado, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar estudantes islamitas, que tentavam chegar à praça Rabaa al Adawiya, no Cairo. Em agosto, essa praça foi palco de violenta repressão, lembrou uma fonte de segurança, acrescentando que oito membros da Irmandade foram presos perto dali.

Em nota divulgada pela agência oficial de notícias Mena, o Ministério do Interior advertiu contra "as tentativas para perturbar as celebrações de 6 de outubro no Egito".

"O Ministério reitera sua determinação de agir com firmeza contra qualquer violência e infração da lei por parte dos partidários da Irmandade Muçulmana durante suas manifestações", acrescenta a nota.

Por ocasião da Guerra de Outubro, o presidente interino, Adly Mansur, disse, em discurso transmitido pela televisão, que as autoridades "vencerão o terrorismo e a violência".

A repressão contra a Irmandade Muçulmana e os simpatizantes de Mursi atingiu seu ápice em 14 de agosto, quando o Exército e a polícia invadiram dois acampamentos de milhares de islamitas que reivindicavam o retorno do ex-presidente ao poder. Mursi foi o primeiro presidente eleito democraticamente no país.

Nos confrontos ocorridos nesse dia e nas semanas que se seguiram, mais de mil pessoas morreram - a maioria delas, manifestantes pró-Mursi -, e mais de dois mil islamitas foram presos.

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