Bruna Sensêve, Renata Tranches
postado em 06/10/2013 23:37
Novos documentos vazados pelo analista de inteligência Edward Snowden mostram que o Ministério de Minas e Energia (MME) foi alvo de espionagem não só norte-americana, como de uma rede internacional de cooperação para sinais de inteligência, chamada de Five Eyes (cinco olhos, em tradução livre), que reúne o Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Os documentos divulgados pelo jornalista Glenn Greenwald em reportagem no programa Fantástico, da TV Globo, mostram uma apresentação feita a agentes de inteligência sobre o rastreamento da rede telefônica e de internet da instituição brasileira durante um período não especificado.
As informações reveladas não deixam claro se ligações foram ouvidas e dados foram registrados, mas expõem um mapeamento detalhado das ligações trocadas entre o MME e empresas e instituições estrangeiras. Ainda assim, entre as conclusões trazidas pelo material, está a sugestão de iniciar uma operação mais particularizada conhecida como ;man on the side; (homem ao lado).
Desde as primeiras denúncias de espionagem pela Agência Nacional de Inteligência (NSA, em inglês) americana, o Brasil esteve como um dos principais alvos de monitoramento norte-americano. Enquanto aguarda explicações de Washington, o governo brasileiro tem reagido fortemente às denúncias de espionagem. No último 17/9, e depois de conversar com o presidente americano Barack Obama ao telefone por 20 minutos, a presidente anunciou o adiamento da visita de Estado que faria à Washington em 23 de outubro.
A última denúncia de Greenwald, no início do mês passado, mostrou que a maior empresa do Brasil, a Petrobras, também foi espionada. Documentos ultrassecretos vazados mostraram que a rede privada de computadores da Petrobras foi alvo do serviço secreto, mas a denúncia não deixou claro se dados foram acessados.
Os documentos foram repassados por Edward Snowden ao jornalista e ativista americano Gleen Greenwald, que vive no Rio de Janeiro. Na audiência pública no Senado em que participou no início de agosto, Greenwald já havia declarado que o interesse dos serviços secretos americanos não dizia respeito apenas à segurança, mas a disputas comerciais e industriais dos EUA.