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China rouba a cena e ofusca os Estados Unidos em reunião da APEC

"A China não pode se desenvolver isolada da Ásia-Pacífico e a Ásia-Pacífico não poderá prosperar sem a China", disse o presidente chinês Xi Jinping

Agência France-Presse
postado em 07/10/2013 15:30
A China foi o centro das atenções nesta segunda-feira (7/10) na abertura da cúpula Ásia Pacífico enquanto os Estados Unidos foram ofuscados, em meio à paralisia da administração de Barack Obama. O presidente chinês Xi Jinping roubou o protagonismo de Barack Obama, que teve que cancelar sua viagem à Ásia por problemas internos.

"A China não pode se desenvolver isolada da Ásia-Pacífico e a Ásia-Pacífico não poderá prosperar sem a China", disse Xi na abertura da reunião do Fórum de Cooperação da Ásia e Pacífico (APEC) em uma tentativa de dissipar os temores gerados por Pequim, chamada a desempenhar um papel político crescente em um mundo liderado pelos Estados Unidos desde o fim da Guerra Fria.



"A Ásia-Pacífico é uma grande família e a China é membro desta família", disse Xi, antes de acrescentar que seu país "trabalhará em prol da paz regional e ajudará a fortalecer os pilares para o bem-estar da região Ásia Pacífico".

Desde que chegou ao poder em março, Xi não poupou viagens à região para tranquilizar seus vizinhos quanto aos receios causados pelas reivindicações territoriais de Pequim.

"Um desenvolvimento sustentável e saudável da economia chinesa trará maiores oportunidades de desenvolvimento da região" que reúne as 21 economias da bacia do Pacífico, respondendo por 54% do PIB mundial e 44% do comércio do planeta, sustentou o presidente chinês.

A crise que Obama enfrenta em casa, em que o Partido Republicano se nega a aprovar o orçamento e aumentar o teto da dívida se a reforma da saúde, seu principal ativo presidencial, não for revogada, não só prejudica o frágil crescimento da economia mundial, como também ameaça a liderança da primeira economia mundial na região e no mundo.

Este "momento político", como definiu John Kerry, "superaremos com força e determinação", disse a seus sócios comerciais.

É o que todo o mundo espera em Nusa Dua, o balneário da ilha indonésia de Bali onde acontece a reunião, porque disso depende a saúde da economia mundial.

Caso o Congresso norte-americano não chegue a um acordo para evitar a paralisia da administração e o que é pior, uma possível suspensão dos pagamentos da primeira potência mundial, enviará "um sinal ao mundo financeiro de alto impacto", alertou o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto.

A ausência do presidente Obama, a segunda consecutiva nesta reunião, preocupa também pelo impacto que possa ter no ambicioso Acordo de Associação Transpacífico (TPP na sigla em inglês), que 12 países da região - entre eles, os Estados Unidos -, tentam aprovar antes do final do ano, segundo espera Peña Nieto.

Obama teve que cancelar sua participação na reunião do fórum da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) assim como sua visita à Malásia e a Filipinas.

"(Obama)realmente queria estar aqui", disse Kerry a seus colegas da cúpula, que vestiram camisas floridas para o jantar de gala oferecido pelo anfitrião, Susilo Bambang Yudhono, na noite de segunda-feira (horário local).

Fragilidade do crescimento

A desaceleração do crescimento nas economias emergentes, atingidas pela queda da demanda nos países industrializados, em particular na zona do euro, assim como a iminente mudança na política monetária do Federal Reserve norte-americano, que provocou um fluxo de capitais para investimentos mais seguros e o temor de um futuro encarecimento do dinheiro, voltou a gerar dúvidas sobre a economia mundial.

"O crescimento mundial é muito frágil, os riscos continuam com tendência de queda e as perspectivas econômicas sugerem que o crescimento vai desacelerar e será menos equilibrado que o desejado", alertaram os ministros das Relações Exteriores e de Comércio da APEC, reunidos na semana passada em Bali.

Xi quis infundir um pouco de otimismo nas perspectivas da segunda economia mundial, apesar de o crescimento do PIB ter passado de 8% a 7,6% do PIB no primeiro semestre. "Quero enfatizar que, com base em exaustivas análises de todos os fatores, tenho total confiança no futuro da economia chinesa, sobretudo, porque está dentro de uma margem razoável e esperada", disse.

Bali reforçou a segurança interna para esta reunião, que coincide com o 11; aniversário esta semana dos atentados que mataram 202 pessoas, a maioria turistas estrangeiros.

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