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Michel Platini aponta "verdadeiros problemas de racismo na Europa"

O presidente da Uefa lembrou que os incidentes nos estádios eram apenas "a ponta do iceberg"

Agência France-Presse
postado em 07/10/2013 16:12
Michel Platini participou de debates sobre o racismo no futebol, pela Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos
O ex-craque francês Michel Platini, presidente da Uefa, alertou nesta segunda-feira (7/10) sobre "verdadeiros problemas de racismo em certas regiões da Europa" e deixou claro que o futebol precisava servir de exemplo para a sociedade.

Em meio a um dia de debates sobre a questão do racismo no futebol organizado em Genebra, na Suíça, pela Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o dirigente lembrou que os incidentes nos estádios eram apenas "a ponta do iceberg".



"Não vim aqui para pedir desculpas, ou para desculpar o futebol, mas para apresentar o ponto de vista de um esporte que teve a coragem de encarar o desafio de lutar contra os comportamentos discriminatórios", salientou.

Nos últimos anos, vários jogadores, inclusive brasileiros, foram vítimas de ofensas racistas, xingamentos ou gritos de macaco. Em janeiro deste ano, o ganês Kevin Prince Boateng deixou o gramado depois de 26 minutos em um amistoso do Milan contra um time de quarta divisão italiana após ouvir insultos da parte de torcedores adversários. Essa atitude levou a Fifa a criar um grupo de reflexão sobre o assunto.

A Uefa também reagiu, ao estabelecer sanções mais duras contra clubes em casos de comportamentos racistas de suas torcidas. Clubes como a Lazio ou o Dínamo de Zagreb tiveram que disputar partidas de competições europeias com portões fechados.

"Isso mostra que há um verdadeiro problema de racismo em certas regiões da Europa, mas também que a Uefa está agindo para erradicar este mal", opinou Platini.

"O futebol é o esporte mais popular do mundo e reflete a sociedade em que prospera. Reflete seus valores, mas também, infelizmente, seus preconceitos, seus temores e desconfianças", analisou.

"É justamente pelo fato de o futebol ser o jogo mais bonito do mundo que ele é tão popular e podemos esperar que seu exemplo possa ter efeitos positivos sobre a sociedade", completou o ex-camisa 10 da Juventus e da seleção francesa.

Já William Lenke, conselheiro do secretário-geral das Nações Unidas, Ban-Ki-Moon, sobre assuntos esportivos, ressaltou que "o racismo não é problema do futebol, mas da sociedade".

"A Fifa e a Uefa já fazem muito. Não adianta pedir para que entidades esportivas façam cada vez mais, é preciso olhar para que os governos fazem concretamente", explicou Lemke, que disse que uma das soluções seria avaliar "como o esporte pode contribuir para a luta contra o racismo".

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