Agência France-Presse
postado em 07/10/2013 16:51
O alvo da operação na Somália realizada no sábado pelas forças americanas era um líder queniano dos islâmicos radicais shebab, disse um alto funcionário americano, enquanto Washington defendia a legalidade da polêmica captura de um suposto membro da Al-Qaeda na Líbia.Os Estados Unidos buscavam na Somália o queniano de origem somali Abdulkadir Mohamed Abdulkadir, conhecido como "Ikrima", um "comandante dos combatentes estrangeiros para os shebab na Somália", informou à AFP uma autoridade americana que pediu para não ser identificada.
"Ikrima" era ligado aos membros da Al-Qaeda Harun Fazul e Saleh Nabhan, nesta segunda-feira (7/10) e falecidos, que desempenharam um importante papel nos atentados contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia em 1998, disse o alto funcionário.
Washington havia indicado até este momento que um "conhecido terrorista shebab" tinha sido o alvo de sua operação na cidade portuária somali de Barawe, situada cerca de 180 km ao sul da capital Mogadíscio, sem dar maiores detalhes do fato.
O jornal New York Times citou uma autoridade americana anônima que disse que, provavelmente, o líder shebab tinha morrido, mas as forças especiais tiveram que se retirar sem conseguir uma confirmação.
Essa operação, realizada semanas depois do ataque a um centro comercial de Nairóbi por parte dessas milícias islâmicas radicais, que deixou 67 pessoas mortas, é a maior na Somália desde 2009, quando Saleh Nabhan, outra liderança shebab, foi abatido na mesma região.
O primeiro-ministro somali, Abdi Farah Shirdon, aprovou a operação e reconheceu que seu país coopera com "sócios estrangeiros na luta contra o terrorismo".
Essa reação foi no sentido oposto à da Líbia, que criticou duramente outra operação americana semelhante realizada no mesmo dia em seu território, onde as forças capturaram um suposto líder da Al-Qaeda.
EUA defendem legalidade da operação na Líbia
A operação na Líbia das forças especiais dos marines, os Seal, terminou com a detenção do suposto membro da Al-Qaeda, Abu Anas al-Libi.
Essa ação foi considerada um "sequestro" pelo governo líbio, que no domingo pediu explicações a Washington.
O detido, que tem como verdadeiro nome Nazih Abdul Hamed al-Raghie, de 49 anos, foi membro do Grupo Islâmico de Combate Líbio (Gici) antes de se juntar à Al-Qaeda.
Ele é acusado de ligação com os atentados contra as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia - que deixaram mais de 200 mortos - e com outros planos de atacar as forças americanas. O FBI oferecia 5 milhões de dólares por informações que levassem a sua captura.
O chefe da diplomacia americana, John Kerry, afirmou nesta segunda-feira (7/10) em Bali, onde participa do fórum de países Ásia-Pacífico (APEC), que a operação foi realizada dentro da lei.
"Os Estados Unidos farão tudo o que estiver ao seu alcance que seja legal e apropriado para fazer cumprir a lei e proteger nossa segurança", disse.
"Abu Anas al-Libi é uma figura proeminente da Al-Qaeda, e é um alvo legal e apropriado para o Exército americano", disse Kerry em uma entrevista coletiva à imprensa.
Mas ao ser perguntado se Washington tinha informado a Líbia antes da operação, ele evitou confirmar.
"Não damos detalhes de nossos contatos com governos estrangeiros sobre nenhum tipo de operação como esta", disso.
Na Líbia, as autoridades exigiram uma explicação sobre o que chamaram de "sequestro", e asseguraram que não tinham sido informadas antes da operação.
Libi foi levado para um navio militar na região para ser interrogado.
Segundo o chefe da diplomacia americana, Libi praticou "atos de terror" e foi "processado convenientemente pela justiça, em julgamentos legais".
Sua captura na Líbia pôs fim a 13 anos de busca por esse homem. Agentes do FBI e da CIA ajudaram as tropas americanas, segundo a imprensa.
Sua prisão abre caminho para sua extradição a Nova York para que seja levado a um tribunal.
O secretário de Defesa Chuck Hagel disse no domingo (6/10) que as operações enviam "uma mensagem contundente ao mundo de que os Estados Unidos não pouparão esforços para que os terroristas respondam" por seus atos.
"Seguiremos pressionando sem descanso os grupos terroristas que ameaçam o nosso povo e nossos interesses, e agiremos diretamente contra eles se for necessário, de acordo com nossas leis e com nossos valores", acrescentou.