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Cirurgia de Kirchner foi "satisfatória", diz subsecretário de Comunicação

Alfredo Scoccimarro informou ainda que "a presidente está com um bom ânimo e já está em seu quarto"

Agência France-Presse
postado em 08/10/2013 13:48
Kirchner antes da cirurgia, em uma conferência de imprensa conjunta com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos
Buenos Aires -
A presidente argentina Cristina Kirchner foi operada com êxito para extrair um hematoma na cabeça, anunciou nesta terça-feira (8/10) o subsecretário de Comunicação Pública, Alfredo Scoccimarro.

[SAIBAMAIS]"A operação foi satisfatória. Foi muito bem. A presidente está com um bom ânimo e já está em seu quarto", afirmou porta-voz antes de divulgar o boletim médico da Fundação Favaloro, onde foi operada.
Suas palavras foram muito comemoradas por dezenas de militantes, que levaram sua solidariedade à presidente e esperavam informações.

O boletim médico, o único a ser divulgado nesta terça-feira, indicou que a presidente evolui favoravelmente após uma cirurgia sem complicações e permanece em uma unidade de terapia intensiva.

"No dia de hoje foi realizada a extração de um hematoma subdural direito na presidente", indicou o boletim, divulgado à imprensa na porta do hospital, localizado a 400 metros do Congresso, em pleno centro de Buenos Aires.



O documento acrescentou que antes da cirurgia "foram descartados os riscos cardiovasculares através de diferentes exames complementares". "A paciente evolui favoravelmente permanecendo internada na unidade de terapia intensiva", disse.

O próximo boletim médico será divulgado na quarta-feira ao meio-dia, indicou Scoccimarro.

No sábado foi detectado um coágulo entre o cérebro e o crânio após um traumatismo sofrido no dia 12 de agosto e os médicos indicaram que a presidente deveria permanecer um mês de repouso.

No entanto, no domingo Kirchner sentiu formigamento e falta de forças no braço esquerdo, razão pela qual os médicos decidiram operá-la na Fundação Favaloro.

Ali recebeu, na noite de segunda-feira, a visita do vice-presidente, Amado Boudou, de 50 anos, que - de fato - ficou a cargo do Executivo em plena campanha eleitoral, embora não tenha sido anunciada oficialmente a transferência temporária de comando.

"É uma operação simples, de curta hospitalização, talvez de três dias, e depois uma reabilitação. Para retomar a atividade completa levará de 4 a 6 semanas", afirmou à AFP Anders Cohen, chefe de Neurocirurgia do Brooklyn Hospital Center de Nova York, em uma entrevista por telefone.

O especialista explicou que "o prognóstico deve ser muito bom". "É feita uma incisão, abre-se uma janela, isto dura 45 minutos, não é um procedimento longo. O sangue acumulado é removido e se assegura que não reste nenhuma atividade sanguínea no local. Depois é colocado um dreno, que normalmente o paciente tolera muito bem", explicou.

Transferência em plena campanha eleitoral

"O que a presidente pede é que mantenhamos a gestão e nisso (ela) irá nos encontrar", disse Boudou na segunda-feira em uma cerimônia na Casa de Governo.

Sobre a transferência, o constitucionalista Daniel Sabsay disse à AFP que a "Constituição não diz nada sobre um caso como esse", mas advertiu que "o mais correto teria sido que a presidente pedisse licença ao Congresso e fizesse a transferência ao vice-presidente".

A transferência de comando ganha relevância em plena campanha eleitoral para as legislativas de 27 de outubro, quando serão renovados a metade da Câmara de Deputados e um terço do Senado, na metade do segundo e último mandato de Kirchner.

Depois que o governismo sofreu uma derrota em vários distritos-chave nas primárias de agosto, a presidente se lançou em cheio na campanha para tentar reverter a tendência e manter a maioria nas duas câmaras.

Boudou terá, portanto, a tarefa de liderar os muitos atos de campanha que a presidente deveria comparecer em todo o país, num momento em que as pesquisas de opinião preveem outra vitória da oposição na emblemática província de Buenos Aires, o maior distrito.

Mas Boudou conta com uma popularidade muito baixa. É "o funcionário que tem a pior imagem no governo", afirmou a diretora da empresa de pesquisas Management and Fit, Mariel Fornoni.

O vice-presidente, ex-ministro da Economia entre 2009 e 2011, é investigado na Justiça por suposto tráfico de influência em favor de uma empresa gráfica, embora não tenham sido encontradas provas contra ele e não esteja acusado.

A presidente sofreu quadros de hipotensão desde seu primeiro mandato, em 2007 (reeleita em 2011 por outros quatro anos), mas seu maior problema de saúde foi um diagnóstico de câncer que resultou estar errado, como foi comprovado depois de uma cirurgia para a retirada da glândula tireóide em janeiro de 2012.

Naquela ocasião, Boudou assumiu formalmente a presidência por 20 dias. Mas permaneceu discreto.

"Força Cristina", dizem os cartazes

"Força Cristina", "Vamos que tudo é possível", "Melhore logo", "O país e os jovens estão com você", "Você é insubstituível", "Todos com Cristina", "Nos bons e maus momentos com você", diziam os cartazes.

Uma grande escultura localizada na entrada do hospital serve de base para uma espécie de altar coroado com uma foto de Cristina Kirchner e de seu marido, o falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003/2007).

Ali foram colocados uma imagem da virgem de Luján, padroeira dos argentinos, uma de Gauchito Gil, uma divindade pagã com centenas de milhares de fiéis no país, e uma bandeira com a imagem do papa Francisco, de origem argentina, junto a dezenas de cartazes e flores.

Vários presidentes da região também enviaram mensagens a Kirchner, como a presidente Dilma Rousseff, o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa, o venezuelano Nicolás Maduro, o colombiano Juan Manuel Santos, o uruguaio José Mujica e o nicaraguense Daniel Ortega.

A oposição expressou sua solidariedade a Kirchner, mas também inquietação pela falta de informação. "Estamos preocupados e todos desejamos que a presidente se recupere rapidamente. Também sentimos um enorme nível de incerteza porque não está sendo dada toda a informação que deveria ser divulgada", disse o prefeito de Buenos Aires, o conservador Mauricio Macri.

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