Agência France-Presse
postado em 08/10/2013 16:26
O mundo não conseguirá erradicar as piores formas de trabalho infantil até 2016, como havia sido fixado pela Organização Mundial do Trabalho (OIT), informou a instituição ao inaugurar, em Brasília, uma conferência global sobre o tema."Estabelecemos há 10 anos o objetivo de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016. Com o atual ritmo de progresso, não vamos alcançar esse objetivo", afirmou Guy Ryder, diretor-geral da OIT, durante a inauguração da III Conferência Global sobre Trabalho Infantil.
Delegados de quase todo o mundo debatem em Brasília até a próxima quinta-feira os mecanismos para reduzir o número de menores que se encontram no mercado de trabalho. "Essa é uma falha política coletiva. Temos de fazer as coisas melhor", acrescentou.
A OIT entende por piores formas de trabalho infantil a exploração sexual, as situações análogas à escravidão, o tráfico de pessoas, o tráfico de drogas e a manipulação de produtos perigosos ou químicos, por exemplo.
Esforço insuficiente
Segundo o último relatório da OIT, apesar de o trabalho infantil ter sido reduzido em um terço desde 2000, ainda restam 168 milhões de crianças trabalhando no mundo, ou seja, 11% da população infantil do planeta.
"Esse relatório comprova que, apesar do período de crise recente, o compromisso dos países permitiu manter a redução do trabalho infantil", afirmou à AFP Paula Montagner, porta-voz da conferência.
No entanto, ela afirmou é preciso ampliar o ritmo desta redução. "Consideramos que o intercâmbio de experiências entre governos vai permitir que tenhamos uma vitória contra esse mal", explicou.
Ryder pediu que os representantes mundiais estabeleçam uma meta para erradicar as piores formas de trabalho infantil, e fez um apelo para que todos os países que não assinaram o Convênio 182 da OIT, referente ao tema, o façam.
Entre os principais problemas a serem discutidos na conferência estão o trabalho de menores nas cadeias produtivas, no setor agrícola, no setor informal urbano e em pequenos negócios e comércios.
Outro aspecto é referente à situação das crianças imigrantes, que, junto a sua família, enfrentam problemas de cidadania não reconhecida, assim como dos refugiados de nações em conflito.
"É preciso erradicar a ideia de que os adolescentes já podem trabalhar nos processos produtivos", afirmou Montagner.
Os números do Brasil
"Que nosso idioma comum seja a erradicação do trabalho infantil em todas as suas formas e regiões do mundo. A única língua universal é o choro de uma criança, e é nosso dever responder", declarou a presidente Dilma Rousseff, ao inaugurar a conferência, recordando com essa última frase Eglantyne Jebb, a inglesa fundadora da ONG Save The Children.
Dilma destacou os êxitos brasileiros com os programas baseados no estímulo para que as crianças frequentem as escolas.
"Entre 2000 e 2012, o Brasil reduziu em 67% o número de crianças entre 5 e 14 anos envolvidas no trabalho infantil. Esse ritmo foi mais intenso co que a redução na média global, que foi de 36%", afirmou a presidente.