Trípoli - O primeiro-ministro líbio, Ali Zeidan, classificou nesta sexta-feira o sequestro do qual foi vítima na véspera de tentativa de golpe de Estado, em um discurso transmitido pela televisão. "Não acho que mais de cem veículos armados possam cercar um bairro inteiro sem que tenha sido emitida uma ordem (...) Isso foi uma tentativa de golpe de Estado contra a legitimidade", declarou.
Zeidan denunciou um ato criminoso e terrorista e acusou, sem nomeá-lo, um "grupo político" de ter organizado seu sequestro na manhã de quinta-feira. O chefe do governo de transição foi sequestrado no hotel Corinthia, onde reside por razões de segurança. Ele afirmou que seus sequestradores apresentaram à direção do hotel uma falsa ordem de detenção do procurador-geral.
[SAIBAMAIS]"Despertaram todos os residentes do hotel, aterrorizaram os funcionários e roubaram equipamentos", disse. "Entraram à força no meu quarto, pegaram tudo, minhas roupas e meus documentos (alguns confidenciais)", acrescentou o primeiro-ministro, afirmando que os autores de seu sequestro serão processados pela justiça. "A investigação começou ontem (quinta-feira)", disse.
Zeidan foi sequestrado durante oito horas na quinta-feira por uma brigada de antigos rebeldes, no sinal mais contundente da instabilidade na Líbia após a derrubada do ditador Muanmar Kadhafi. O sequestro aconteceu cinco dias depois da captura de um cidadão líbio, suspeito de ser um dos líderes da rede terrorista Al-Qaeda, por homens de uma força de elite americana em plena capital Trípoli.
A captura de Abu Anas al-Libi provocou a revolta de milícias islâmicas que atuam na segurança do país e de partidos políticos, e deixou em situação difícil o governo líbio, que a chamou a ação de "sequestro" e indicou não ter sido informado. As autoridades líbias já haviam solicitado na terça-feira que os Estados Unidos entregassem Abu Anas al-Libi imediatamente a elas.