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Produtores de eletricidade europeus pedem fim de ajuda às renováveis

"É urgente modificar o mercado da energia que não funciona corretamente", disse o presidente executivo da GasNatural Fenosa, Rafael Villaseca Marco

Agência France-Presse
postado em 11/10/2013 18:49
Bruxelas - Os presidentes de dez empresas europeias produtoras e distribuidoras de eletricidade, entre elas as espanholas Gas Natural Fenosa e Iberdrola, pediram na quinta-feira (10/10), em Bruxelas, a suspensão da ajuda às energias renováveis, já que o mercado se encontra em uma "situação crítica".

"É urgente modificar o mercado da energia que não funciona corretamente", disse o presidente executivo da GasNatural Fenosa, Rafael Villaseca Marco, em entrevista coletiva organizada na capital belga com seus nove colegas europeus.

"A situação é crítica", acrescentou o chefe do francês GDF Suez, Gérard Mestrallet, "é por isso que vimos advertir os dirigentes europeus".

[SAIBAMAIS]Este grupo se formou em maio deste ano e conta, além da francesa GDF Suez e das espanholas Gas Natural Fenosa e Iberdrola, as italianas Eni e ENEL, as gigantes alemãs e.on e RWE, a holandesa GasTerra, o conglomerado tcheco CEZ Group e o sueco Vattenfall.

A mensagem levada à Comissão nesta incomum iniciativa em um setor tão competitivo como o da energia já tinha sido levada no mês passado ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo (leste da França).

Os dirigentes destas empresas criticam as ajudas ao setor das energias renováveis (eólica e solar), que distorcem o mercado, em detrimento das capacidades das centrais tradicionais.

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"Precisamos de um mercado mais harmonioso no que diz respeito às capacidades. Pedimos que se integrem as energias renováveis no mercado real e que se deixem de lado as subvenções para concentrá-las em pesquisa e desenvolvimento", acrescentou Mestrallet.

As políticas impulsionadas nos últimos anos favoreceram o desenvolvimento das energias renováveis garantindo um preço fixo de compra e um acesso prioritário à rede de distribuição, razão pela qual as usinas tradicionais de gás e carvão se veem obrigadas a manter uma capacidade ociosa.

"Na Espanha, 50% da energia provêm das renováveis, que são subvencionadas e têm um acesso prioritário à rede", disse Rafael Villaseca Marco, em um país cuja rede de distribuição não está ligada ao resto da União Europeia, observou Fulvio Conti de Enel, razão "pela qual o país está em sobrecarga".

"Por trás desta ofensiva contra as subvenções às renováveis, há um pedido de indenização para as usinas de gás e carvão que só são usadas quando não há sol, nem vento", disse à AFP uma fonte europeia, que servem para enfrentar os picos de consumo durante o inverno.

A Comissão Europeia apresentará no fim de outubro uma comunicação aos Estados membros com opções para reformar as subvenções ao setor das renováveis.

"A princípio, estes apoios eram para ajudar as novas tecnologias, mas hoje muitos Estados querem reformar o sistema. A Comissão vai apresentar opções para levar esta reforma adiante", declarou a porta-voz do Comissão de Energia, Gunther Oettinger, Marlene Holzner.

Em sua argumentação distribuída à imprensa, os dez presidentes de empresas do grupo denunciam o aumento nas contas de luz: 17% em quatro anos para consumidores e 21% para empresas, e a sobrecarga que os obriga a fechar usinas que representam 51 GW, isto é, a capacidade combinada de Bélgica, Portugal e República Tcheca.

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