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Kerry e Karzai mantêm negociação sobre acordo de segurança no Afeganistão

Os Estados Unidos negociam há quase um ano com Cabul um Acordo Bilateral de Segurança para estabelecer os termos da presença de um contingente americano no Afeganistão



Karzai e Kerry retomaram na manhã deste sábado as negociações, que estão durando muito mais horas do que o previsto no programa inicial. Os Estados Unidos querem alcançar um acordo rapidamente, por volta do fim de outubro, estabeleceram o presidente americano, Barack Obama, e Karzai.

Segundo um diplomata americano, John Kerry não esperava alcançar um acordo neste sábado, antes de deixar o Afeganistão para viajar a Paris e depois a Londres. Karzai mostrou sua reticência em assinar o acordo, mas os Estados Unidos pressionam para que o pacto seja assinado o quanto antes para que a coalizão militar da Otan liderada pelos americanos possa organizar a retirada de seus 87.000 efetivos antes de dezembro de 2014.

Kerry chegou na sexta-feira a Cabul para uma visita surpresa de dois dias. O secretário americano de Estado se reuniu e jantou durante três horas com o líder afegão no palácio presidencial. "As duas partes reconheceram francamente suas divergências, mas o tom da conversa foi construtivo", disse um diplomata americano.

Autoridades do Departamento de Estado americano reconhecem que as discussões iniciadas há meses são complexas, mas na noite de sexta-feira "as divergências diminuíram em uma grande maioria de questões em suspenso", disse um deles.

O porta-voz de Karzai também informou que foram registrados avanços nas negociações. O presidente afegão já indicou em várias ocasiões que as divergências se concentram nas demandas dos americanos para realizar operações militares unilaterais contra os insurgentes e em como os Estados Unidos se comprometeriam a proteger o Afeganistão.


Karzai também rejeitou as pressões para assinar rapidamente o BSA e disse que primeiro pedirá a aprovação de uma grande assembleia de líderes tribais que será convocada em alguns meses. A retirada das tropas internacionais aumenta os temores do surgimento de uma onda de violência no Afeganistão, um país que sofre as ações dos fundamentalistas talibãs, expulsos do poder em 2001 por uma coalizão internacional.