Agência France-Presse
postado em 13/10/2013 12:34
Erbil - O presidente do Curdistão iraquiano, Massud Barzani, afirmou em uma entrevista exclusiva à AFP que as autoridades desta região autônoma não hesitarão em "atacar os terroristas onde quer que estejam", inclusive na Síria, depois dos atentados suicidas realizados no fim de setembro em Erbil.
Reivindicado por um grupo presente na Síria e afiliado à Al-Qaeda, este ataque contra a sede dos serviços de segurança locais deixou sete mortos e mais de 60 feridos no dia 29 de setembro, um incidente pouco comum em uma região relativamente à margem da violência que atinge o Iraque diariamente. "Não hesitaremos em atacar os criminosos terroristas onde quer que estejam", disse Barzani à AFP.
"É nosso dever proteger os curdos onde quer que se encontrem se tivermos a capacidade", ressaltou o presidente do Curdistão iraquiano, fazendo, no entanto, uma distinção entre este tipo de intervenção e um envolvimento na guerra civil na Síria, que os curdos, segundo ele, devem evitar.
Barzani também sustentou que "os curdos devem se manter em igual distância" de todas as partes em conflito para que "o povo curdo não seja arrastado em uma guerra que não lhe fornece nada". Mas as forças curdas da Síria já se viram envolvidas em combates com jihadistas, que fizeram com que dezenas de milhares de curdos precisassem encontrar refúgio no Curdistão iraquiano.
Barzani ameaçou em agosto intervir no conflito sírio para proteger os curdos, mas depois várias autoridades minimizaram estas declarações. O líder histórico dos curdos do Iraque admitiu pela primeira vez publicamente que o Curdistão iraquiano forneceu treinamento militar aos jovens curdos na Síria, para que possam proteger as suas regiões. "Um certo número de jovens foram capacitados, mas não com o objetivo de participar da guerra", disse Barzani.
Nesta entrevista, Barzani também se referiu ao futuro do povo curdo, ressaltando seu direito à autodeterminação e a ter um Estado, um objetivo que, segundo ele, pode ser alcançado através do diálogo. "Ter seu próprio Estado é um direito natural do povo curdo, mas isto não pode ser alcançado através da violência", disse. "Encorajamos o diálogo entre os curdos e os Estados que dividem o Curdistão", acrescentou.
Os curdos estão estabelecidos principalmente em quase meio milhão de quilômetros quadrados nas fronteiras de Turquia, Irã, Iraque e Síria. Ao reivindicar a criação de um Curdistão unificado, eles são considerados uma ameaça constante à integridade territorial dos países onde se instalam.