Agência France-Presse
postado em 14/10/2013 15:15
A posse na terça-feira (15/10) do experiente diplomata Pietro Parolin, ex-núncio da Venezuela, como novo Secretário de Estado do Vaticano, o equivalente a primeiro-ministro da Santa Sé, marca o início de uma nova era no Vaticano e do pontificado de Francisco, que deverá colocar em andamento a reforma da Cúria Romana.Parolin, de 58 anos, substitui o influente e controverso cardeal Tarcisio Bertone, nomeado em 2006 por Bento XVI. O período de Bertone no cargo foi marcado por escândalos. Parolin tomará posse durante uma cerimônia solene presidida pelo papa Francisco no palácio apostólico.
Designado em agosto para o cargo, o novo número dois da Santa Sé surpreendeu por suas declarações sobre o celibato, ao afirmar que não é um dogma, e pela facilidade de acesso à imprensa.
Francisco, que respeita a tradição de que o Papa estrangeiro nomeia um italiano como braço direito, também aposta em favorecer o diálogo direto com sua equipe de trabalho.
A saída de Bertone, um salesiano sem experiência na gestão de assuntos diplomáticos e que está prestes a completar 79 anos, acontece após uma série de escândalos que atingiram a Igreja Católica nos últimos anos: pedofilia, Vatileaks e reforma das finanças do Vaticano.
Sua gestão foi marcada por rivalidades e intrigas nas altas esferas do Vaticano. Ele foi acusado de erros de administração, favoritismo e de adotar decisões questionáveis, embora sua honestidade nunca tenha sido colocada em xeque.
Apesar das acusações, Bento XVI o manteve até o fim em seu cargo.
A nomeação por parte do Papa latino-americano de Parolin, de 58 anos, que desde 2009 era núncio (embaixador do Vaticano) na Venezuela, gerou reações favoráveis.
O novo número dois da Santa Sé foi descrito como um homem "modesto, acessível, aberto e competente". Terá menos poder que seus antecessores, já que se encarregará, sobretudo, da diplomacia vaticana.
Segundo fontes internas, Parolin deverá compartilhar o cargo com o "moderator Curiae", um coordenador entre os vários ministérios da Cúria Romana, um cargo que não foi criado, mas que o pontífice está delineando.
Poliglota, considerado particularmente jovem para este posto, ele nasceu na região de Veneto, no nordeste da Itália. Seu pai era o dono de uma loja de ferragens e sua mãe era professora.
Ordenado sacerdote em abril de 1980, o padre Pietro Parolin estudou na Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma e em 1983 entrou para a Academia Pontifícia Eclesiástica, encarregada de formar o corpo diplomático da Santa Sé.
Seu primeiro cargo foi na Nigéria (de 1986 a 1989) e depois esteve no México, até novembro de 1992, quando o papa João Paulo II o nomeou para o posto de vice-secretário para as relações com o Estado, verdadeiro "número três" da diplomacia vaticana.
Na Secretaria de Estado, esteve a cargo das relações com os Estados, entre eles Espanha, Andorra, Itália e a República de San Marino.
O novo secretário de Estado do Vaticano trabalhou em vários assuntos delicados, como as relações com a China comunista, Vietnã e Israel.
Depois de passar pouco menos de sete anos a serviço dos secretários de Estado Angelo Sodano e Tarcisio Bertone, Bento XVI o nomeou em agosto de 2009 como núncio apostólico na Venezuela.
Bispo desde 2009, sua gestão das relações com a Venezuela estiveram marcadas pelas tensões entre o episcopado venezuelano e o governo de Hugo Chávez, falecido em março passado.