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Corpo de nazista Erich Priebke vira dor de cabeça para Itália

Agência France-Presse
postado em 16/10/2013 23:19
Roma - O enterro do nazista Erich Priebke está se tornando uma grande dor de cabeça para a Itália, já que ninguém quer receber o corpo do criminoso de guerra.

No final do dia, o corpo de Priebke, rejeitado por todos, foi retirado do aeroporto militar de Roma, em Practica di Mare, para um local desconhecido, segundo a imprensa italiana. "A Itália tentou extraditá-lo, processá-lo, condená-lo e prendê-lo durante anos, agora a batata quente ficou aqui", disse à AFP Paolo Giachini, advogado de Priebke.

O criminoso nazista morreu na sexta-feira, aos 100 anos, em sua residência de Roma, onde cumpria prisão domiciliar perpétua desde 1998 pela morte de 335 civis no chamado massacre das "Fossas Ardeatinas". Uma cerimônia religiosa organizada pelo movimento católico ultraconservador "lefebvrista" na terça-feira à noite, na localidade de Albano Laziale, 25 km de Roma, foi cancelada.

"Nos vimos forçados a suspender o funeral porque havia um risco de que virasse um encontro neonazista", declarou o prefeito de Roma, Giuseppe Pecoraro. A polêmica se agravou com a decisão do Vaticano, sem precedentes, de proibir qualquer igreja católica em Roma de realizar o funeral.

Já a Alemanha informou que cabe à família de Priebke decidir o que fazer com seus restos mortais. "Não consigo ver uma responsabilidade ou função do governo alemão em relação a esta questão", disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores do país.

"Como lidar com os restos mortais de um cidadão alemão no exterior é basicamente uma questão para os parentes", afirmou o porta-voz. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores reiterou que ele não tinha conhecimento de qualquer motivo "que impedisse que um cidadão alemão que morreu no exterior fosse enterrado na Alemanha." Mas no local de nascimento de Priebke, em Hennigsdorf, no subúrbio de Berlim, as autoridades locais deixaram claro que não aceitarão os seus restos mortais.

"Recusaremos um enterro para Priebke. Não queremos um criminoso de guerra aqui", disse uma porta-voz da Câmara da cidade nesta segunda-feira, na rádio pública Rbb, acrescentando, no entanto, que não houve qualquer pedido oficial neste sentido e que há uma regra local contra os enterros de não-residentes. A comunidade judaica da região também manifestou a sua oposição.

O nazista vivia em prisão domiciliar na capital italiana, depois de ser extraditado em 1998 da Argentina, para onde tinha fugido com um documento de viagem do Vaticano, logo após a Segunda Guerra Mundial. Priebke queria ser enterrado na Argentina, onde viveu mais de 40 anos, ao lado de sua esposa, mas o governo em Buenos Aires logo informou que não aceitaria receber o corpo.

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