Agência France-Presse
postado em 18/10/2013 11:51
Alguns deles levantavam nesta sexta-feira a hipótese de o Reino Saudita revisar a decisão, que ainda não foi oficialmente notificada ao Conselho.
"Isso é algo totalmente inesperado. Verificamos em toda a história do Conselho para encontrar um precedente, e não existe", disse um diplomata do órgão, acrescentando que uma candidatura para ocupar um assento neste organismo leva anos de preparação - o que torna o gesto da Arábia Saudita ainda mais surpreendente.
O governo dos Estados Unidos minimizou a decisão e disse que continuará a trabalhar com seu aliado. "Essa é uma decisão que pertence a eles", declarou a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Jennifer Psaki.
"O Conselho de Segurança da ONU pode desempenhar um papel importante sobre um extenso número de questões e deu provas disso há (algumas) semanas", acrescentou, referindo-se à primeira resolução adotada pelo Conselho sobre a Síria no final de setembro.
"Eu entendo que os países tenham reações diferentes, mas nós continuaremos trabalhando com (Riad) sobre os assuntos de interesse comum", completou. "Deveriam ter pensando nisso antes da eleição" de quinta-feira - comentou o embaixador da Guatemala, Gert Rosenthal.
"Continuamos tentando saber o que (os sauditas) querem dizer (com sua decisão)", declarou aos jornalistas o representante permanente adjunto da Grã-Bretanha, Peter Wilson. "Foi uma surpresa enorme", reconheceu o embaixador australiano, Gary Quinlan. Para o embaixador francês, Gérard Araud, falta "ponderar as consequências" da decisão saudita.
"Acreditamos que a Arábia Saudita pode dar uma contribuição muito positiva ao Conselho de Segurança, mas também compreendemos sua frustração", acrescentou, referindo-se às duras críticas de Riad à inércia do Conselho frente à crise síria.
Desde o início do conflito, Rússia e China têm bloqueado sistematicamente projetos de resolução ocidentais prejudiciais ao seu aliado sírio. Mas "é muito cedo para dizer" se Riad pode mudar de ideia, comentou Araud.
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A eventual substituição da Arábia Saudita no Conselho "é uma decisão que corresponde aos Estados membros", mas as Nações Unidas "ainda não receberam uma notificação oficial sobre o tema", declarou o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon.
A eleição de dez membros não permanentes do Conselho é realizada com base regional e, se a Arábia Saudita mantiver sua posição, caberá ao grupo árabe no seio da Assembleia Geral encontrar um novo candidato que depois deverá ser aprovado em uma votação de toda a Assembleia.
"Pode ocorrer uma nova eleição, mas ainda é possível persuadir Riad a mudar sua posição", considerou outro diplomata.
O grupo Ásia-Pacífico "deve se reunir, mas esse encontro ainda não foi programado", disse o embaixador do Paquistão, Masood Khan. A Rússia criticou a decisão "sem precedentes" da Arábia Saudita, considerando "particularmente estranhas" as razões invocadas por esse país.
Em um comunicado publicado horas depois de ter sido selecionada como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Arábia Saudita, um peso pesado no mundo árabe e que apoia sem reservas a oposição síria, criticou a política de dupla moral no Conselho de Segurança com relação a sua posição sobre o Oriente Médio. O país também reclamou da "impotência" do organismo frente aos conflitos no Oriente Médio, sobretudo, na Síria.
O Conselho, que conta com 15 membros, renova todos os anos cinco de seus dez assentos de membros não permanentes. Na quinta-feira, Arábia Saudita, Chade, Chile, Nigéria e Lituânia foram escolhidos para um mandato de dois anos no Conselho, que entrará em vigor no dia 1; de janeiro.
Os cinco membros permanentes do Conselho, com direito a veto, são Estados Unidos, China, França, Rússia e Grã-Bretanha.