Agência France-Presse
postado em 18/10/2013 13:10
Damasco - O regime e os rebeldes prosseguiam seus intensos combates nesta sexta-feira (18/10) em Deir Ezzor, no leste da Síria, onde um grupo jihadista executou dez soldados, um dia após a morte de um general dos serviços de inteligência. Enquanto isso, ONU e Estados Unidos seguem pressionando para que seja realizada no próximo mês em Genebra uma conferência de paz, apesar das divisões da oposição.O secretário americano de Estado, John Kerry, viajará novamente à Europa para preparar a chamada conferência Genebra-2, e o emissário da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, iniciará no sábado no Egito um giro regional com o mesmo objetivo. No campo de batalha, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma rede de ativistas e médicos, informou sobre intensos combates na principal cidade do leste do país, Deir Ezzor, desde a noite de quinta-feira (17/10).
A cidade sofreu bombardeios aéreos na manhã desta sexta-feira. O OSDH indicou que há feridos e casas destruídas, sem fornecer um balanço preciso. Os bombardeios aéreos ocorreram após o avanço dos rebeldes no bairro de Rashdiya, até agora controlado pelas forças do regime. Neste mesmo bairro foi morto na quinta-feira o general Jamaa Jamaa, chefe dos serviços de inteligência militar da região.
Segundo o OSDH, um franco-atirador matou o general Jamaa durante combates entre jihadistas e soldados em Rashdiya. A televisão pública síria disse que o general "foi martirizado quando cumpria seu dever nacional de defender a Síria (...) e expulsar os terroristas de Deir Ezzor". Também no bairro de Rashdiya, combatentes da Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda, capturaram e executaram dez soldados, segundo o Observatório.
No norte do país, por outro lado, ao menos doze pessoas morreram nesta sexta-feira vítimas de um bombardeio das forças governamentais contra uma cidade curda da província de Aleppo. "Doze curdos, entre eles seis crianças (...) morreram em um bombardeio das forças governamentais" na cidade de Tal Aran, indicou o OSDH. Na questão das armas químicas, o Chipre anunciou nesta sexta-feira que aprovou a criação de uma base em seu território destinada aos especialistas da ONU encarregados de supervisionar a destruição do arsenal sírio.
Um acordo neste sentido foi ratificado entre a República do Chipre e a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ). A base ficará na área do antigo aeroporto da Nicósia, que hoje não é utilizada, e permitirá que os inspetores possam ir e vir da Síria mais facilmente.
[SAIBAMAIS]Kerry e Brahini preparam conferência de paz
Apesar da violência na Síria, o vice-primeiro-ministro sírio, Qadri Jamil, declarou na quinta-feira (17) que nos dias 23 e 24 de novembro pode ocorrer uma conferência de paz em Genebra. O objetivo de Washington e Moscou é que o governo e a oposição se sentem na mesma mesa. Para preparar a conferência, o emissário Brahimi irá primeiro ao Egito e depois a Damasco e Teerã, principal apoio do governo sírio, indicou seu porta-voz.
O secretário americano de Estado, John Kerry, indicou à rádio americana que é preciso avançar no processo de paz, e reiterou que não existe uma solução militar para o conflito. Kerry, além dos chanceleres de Grã-Bretanha e dos outros nove países que integram o grupo "Amigos da Síria", se reunirão na terça-feira em Londres, anunciou nesta sexta-feira o governo britânico.
"A Grã-Bretanha abrigará na terça-feira da semana que vem uma reunião de 11 ministros das Relações Exteriores", declarou em um comunicado o chefe da diplomacia britânica, William Hague. Kerry estará presente no encontro, que tem por objetivo "discutir os preparativos da conferência de (paz de) Genebra, o apoio à (opositora) Coalizão Nacional Síria e nossos esforços para alcançar uma solução política a este trágico conflito", acrescentou.
Além de Kerry e Hague, participarão do encontro os chanceleres de França, Alemanha, Itália, Turquia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Egito e Jordânia. O principal obstáculo para a realização da conferência de Genebra-2 é o fato de a oposição síria estar muito dividida sobre a questão de se sentar para negociar na mesma mesa que o governo sírio. A coalizão opositora votará a respeito em uma reunião prevista para os dias 24 e 25 de outubro em Istambul. Além dos participantes, outro problema importante é a ordem do dia. O regime descarta a renúncia do presidente Bashar al-Assad como parte de uma transição política. Mas a oposição no exílio, apoiada pelos ocidentais, não aceita que o presidente sírio continue no cargo.