Haia - A Holanda anunciou nesta segunda-feira que recorreu ao Tribunal Internacional de Direito Marítimo para obter a libertação de um barco do Greenpeace e de seus 30 tripulantes, entre eles a brasileira Ana Paula Maciel, detidos na Rússia durante uma operação contra uma plataforma petroleira no Ártico.
"O Estado pede a libertação da tripulação detida e do barco", indicou o ministério holandês de Relações Exteriores em um comunicado.
O barco do Greenpeace "Artic Sunrise" foi detido no fim de setembro pela guarda-costeira no mar de Barents (Ártico russo), depois que membros da tripulação abordaram uma plataforma petrolífera. Eles tentavam abrir uma bandeira que denunciava os riscos ecológicos da extração do petróleo.
[SAIBAMAIS]Os 30 membros da tripulação do barco com bandeira holandesa, entre eles 26 estrangeiros - dos quais a bióloga brasileira Ana Paula Maciel - estão em detenção por dois meses em Murmansk, no noroeste da Rússia. Foram acusados de "pirataria em grupo organizado", crime pelo qual podem ser condenados a 15 anos de prisão.
Haia já havia iniciado no começo de outubro um procedimento judicial, chamado de arbitragem, no âmbito do qual cada parte pode nomear árbitros encarregados de encontrar uma saída à disputa.
A Holanda decidiu recorrer nesta segunda-feira ao tribunal, já que "a libertação da tripulação e do barco são urgentes", acrescentou o ministério, ressaltando que o procedimento de arbitragem segue seu curso, mas leva tempo.
"Uma audiência, onde Holanda e Rússia possam defender seus pontos de vista, irá ocorrer em duas ou três semanas", declarou o ministério, acrescentando que uma decisão do tribunal sobre estas medidas provisórias deve ser conhecida em um mês.
Vários países manifestaram sua inquietação com o destino dos membros da tripulação, como, por exemplo, a chanceler Angela Merkel na quarta-feira, mas apenas a Holanda tomou medidas concretas visando obter sua libertação.
Na quinta-feira, onze vencedores do prêmio Nobel da Paz, entre eles o arcebispo sul-africano Desmond Tutu, escreveram a Vladimir Putin para defender os 30 membros da tripulação. A Rússia fez do desenvolvimento do Ártico, uma imensa zona em hidrocarbonetos inexplorados, uma prioridade estratégica. O Greenpeace, por sua vez, denuncia riscos para um ecossistema frágil.