Agência France-Presse
postado em 22/10/2013 10:57
Lithgow - Os bombeiros uniram deliberadamente dois grandes incêndios nesta terça-feira (22/10) no Sudeste da Austrália para tentar controlar o avanço das chamas antes do aumento da temperatura, que, segundo as autoridades, será mais grave do que o imaginado. Equipes integradas em sua maior parte por voluntários trabalhavam sem descanso em áreas densamente arborizadas ao oeste de Sydney para tentar evitar que as chamas criassem um "megaincêndio" fora de controle, que poderia avançar até um terceiro foco a poucos quilômetros.Milhares de bombeiros combatem os incêndios ao longo de 1.600 km no estado de Nova Gales do Sul, que se tornaram ainda mais graves com os fortes ventos e o calor intenso. Em uma semana, as chamas destruíram 200 casas e afetaram um número similar. Apenas uma morte foi registrada até o momento, mas as previsões meteorológicas para quarta-feira são mais graves que o imaginado.
"Há um potencial muito real de perdas de mais vidas e casas", advertiu o comandante do corpo de bombeiros da zona rural de Nova Gales do Sul, Shane Fitzsimmons. "As previsões e a situação para amanhã são o pior que poderíamos esperar", completou. As temperaturas devem superar 30; Celsius, com baixa umidade e rajadas de vento de até 100 km por hora, antes do retorno de condições mais favoráveis na quinta-feira.
No pior incêndio em quase meio século na região, as autoridades conseguiram apagar ou conter dezenas de focos, mas 57 permanecem ativos e 17 deles fora de controle. A região das Montanhas Azuis, muito procurada por turistas, representa a maior preocupação, em consequência do gigantesco incêndio na área de Lithgow. Fitzsimmons afirmou que dois incêndios foram "unidos deliberada e taticamente", criando uma barreira para conter as chamas.
A decisão de unir os incêndios perto de Lithgow e do Monte Victoria, nas Montanhas Azuis, pretende privá-los do combustível que teria permitido a transformação dos focos em um "megaincêndio" temido pelas autoridades. Os bombeiros tiveram "êxitos extraordinários", disse Fitzsimmons, antes de advertir que "ainda resta muito por fazer".
Além das chamas na região de Sydney, amplas áreas do estado correm grande risco. Os incêndios fora de controle são comuns durante os meses de verão na Austrália, de dezembro a fevereiro. Mas um inverno excepcionalmente seco e quente, assim como temperaturas sem precedentes na primavera, anteciparam a temporada de incêndios de 2013-2014.
Enquanto aumenta a polêmica na Austrália sobre uma eventual relação entre os grandes incêndios e o aquecimento global, a secretária executiva da Convenção sobre Mudanças Climático da ONU, Christiana Figueres, afirmou que as chamas fora de controle estão "totalmente relacionadas com o aquecimento global e as ondas de calor cada vez mais intensas".
Figueres afirmou que a decisão do novo primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, de revogar um imposto sobre a emissão de gás carbônico, criado pelo governo anterior, terá um preço elevado. "Realmente estamos pagando o preço do carbono. Estamos pagando o preço com incêndios fora de controle, estamos pagando o preço com secas", completou.