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Primeiro-ministro paquistanês pede aos EUA fim de ataques com drones

Anistia Internacional pediu nesta terça-feira aos Estados Unidos que divulguem as informações sobre esses ataques, para saber se estão em conformidade com o direito internacional

Agência France-Presse
postado em 22/10/2013 16:11

Primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, fala no Instituto de Paz dos EUA em Washington

Washington - O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, pediu nesta terça-feira que os Estados Unidos parem com seus ataques com drones (aviões não tripulados) no Paquistão, argumentando que essas ações violam a soberania territorial de seu país.


Em uma visita a Washington, que coincide com a publicação de um relatório da Anistia Internacional sobre as operações com drones, Sharif ressaltou que esses ataques são um "grande" obstáculo nas relações com os Estados Unidos.

"Primeiro, eu gostaria de insistir na necessidade de se pôr um fim aos ataques com drones", declarou Sharif durante um discurso no Instituto para a Paz.

O primeiro-ministro, que realiza uma visita histórica aos Estados Unidos, explicou, no entanto, que deseja manter relações estreitas com Washington, degradadas ao seu nível mínimo em maio de 2011, após a operação americana que terminou com a morte do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden. As autoridades paquistanesas ficaram revoltadas por não terem sido informadas da ação em seu próprio território.



Ele lembrou que uma conferência interpartidária realizada no Paquistão tinha concluído que "o uso de drones não é apenas uma violação da soberania" do país, como também é prejudicial aos esforços do Paquistão na luta contra o terrorismo.

A Anistia Internacional pediu nesta terça-feira aos Estados Unidos que divulguem as informações sobre esses ataques, para saber se estão em conformidade com o direito internacional. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que os Estados Unidos "não concordam com a ideia de que estes ataques violam o direito internacional".

"A administração tem insistido sobre as precauções extraordinárias tomadas para fazer com que estas ações antiterroristas respeitem as leis. Definindo ações que têm por objetivo gente que quer nos matar e não aqueles entre os quais se escondem, optamos por este tipo de medida, que representa menos risco de provocar perda de vidas inocentes". "As operações antiterroristas americanas são precisas, legais e eficientes", concluiu Carney.

Desde 2004, entre 2.000 e 4.700 pessoas, incluindo centenas de civis, morreram em mais de 300 ataques com drones americanos no noroeste do Paquistão, o principal reduto dos talibãs e de outros grupos ligados à Al-Qaeda.

O departamento de Estado anunciou nesta terça-feira que entregará 1,6 bilhão de dólares ao Paquistão, após uma redução da ajuda nos últimos anos devido a um esfriamento nas relações bilaterais.

O governo do presidente Barack Obama notificou o Congresso que entregará verbas já previstas em orçamentos anteriores, incluindo o do ano fiscal de 2012.

O grosso da ajuda, de 1,380 bilhão de dólares, será destinado à assistência militar, e 260,5 milhões a programas civis, disse a porta-voz Marie Harf.

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