Agência France-Presse
postado em 22/10/2013 17:48
O furacão Raymond perdeu força nesta terça-feira, caindo para a categoria 2, enquanto permanecia estacionado diante do litoral do Pacífico mexicano, onde moradores e turistas de cidades portuárias, como Zihuatanejo, se preparavam para a sua chegada com a lembrança ainda fresca do devastador furacão Manuel.
Raymond, que tinha se tornado o primeiro furacão de categoria 3 da temporada no México - das cinco da escala Saffir-Simpson -, caiu para a categoria 2 e mantém ventos sustentados 165 km/h com rajadas de até 205 km/h, informou o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) às 13h00 de Brasília.
O fenômeno está "praticamente estacionário" e se situa atualmente 135 km a sul-sudoeste de Zihuatanejo e a 220 km a oeste-sudoeste de Acapulco, ambos importantes destinos turísticos do estado de Guerrero (sul), destacou o NHC, antecipando que está previsto para esta terça-feira que o furacão tenha um "movimento lento e errático".
Autoridades mexicanas advertiram que, apesar de ter perdido força, o risco que o furacão representa vai permanecer até que sejam confirmadas as previsões de que entre terça e quarta-feira ele vá direcionar a sua trajetória para o oeste, entrando no oceano e distanciando-se do território mexicano.
Neste momento não é possível definir totalmente se Raymond fará este giro ou continuará com sua rota até a costa mexicana "porque tem sido errático em seu comportamento", disse em entrevista coletiva o coordenador do departamento de Proteção Nacional, Luis Felipe Puente.
Puente advertiu também que o enfraquecimento de Raymond significa que começa a soltar nebulosidades que aumentam as possibilidades de chuva na costa do Pacífico.
O Serviço Meteorológico Nacional mexicano (SMN) advertiu que o furacão ameaça provocar nas próximas horas "inundações em áreas urbanas, deslizamentos em áreas montanhosas, inclusive em trechos rodoviários, assim como transbordamentos de rios" nos estados de Guerrero (sul) e Michoacán (oeste), onde cerca de 1.500 pessoas já foram evacuadas preventivamente.
Guerrero ainda não se recuperou do furacão Manuel, que avançou pelo sul do território mexicano pelo lado do Pacífico em meados de setembro passado. Este fenômeno meteorológico foi quase simultâneo ao furacão Ingrid, que entrou pelo Golfo do México. Ambos deixaram pelo menos 157 mortos e 1,7 milhão de afetados.
Os governos de Guerrero e Michoacán decretaram alerta que inclui o fechamento de portos, evacuações preventivas, vigilância de represas, estradas e suspensão de aulas em algumas comunidades.
Turismo afetado
[SAIBAMAIS]Em Zihuatanejo, onde está previsto um aumento das chuvas nesta terça-feira, os turistas com reservas em hotéis "mudaram suas datas de estada" desde o fim de semana passado e aos poucos que chegam - estimados em 1.500 - "estamos pedindo que não saiam do hotel", disse à AFP Zandra Almada, gerente do Hotel Villa Mexicana.
"Nós não sabíamos do furacão, por isso estamos comendo algo rápido para voltar ao quarto porque soubemos do último" furacão Manuel, disse no restaurante vazio deste hotel Erin Hopkins, que viajou de Seattle (Estados Unidos) com seu marido e outro casal, enquanto observava a chuva constante e o mar sob um céu completamente nublado.
Manuel deixou incomunicadas por alguns dias várias regiões de Guerrero, inclusive o porto turístico de Acapulco, devido a deslizamentos em estradas e ao fechamento do aeroporto, além de um severo impacto psicológico devido às tragédias que provocou nas áreas montanhosas vizinhas.
A mais grave aconteceu na comunidade de La Pintada, onde uma grande enxurrada de lama soterrou metade das casas, deixando dezenas de desaparecidos.
Hesitação para procurar os abrigos
A lembrança de Manuel levou algumas pessoas a procurarem abrigo nos abrigos de Zihuatanejo, com capacidade para 4.500 pessoas.
"Quando escutei o alerta do prefeito na rádio, não pensei duas vezes, agarrei meus filhos e desci (da montanha) em uma caminhonete da Proteção (Defesa) Civil", contou, aliviada, Bartola Hernández, avó de quatro órfãos de mãe e abandonados pelos diferentes pais.
Os ventos de furacão de Manuel fizeram voar parte da casa de Hernández, que ela ainda não "tinha acabado de reformar".
Muitos outros vizinhos ainda não levavam a sério os alertas para procurar os abrigos.
"Estamos preocupados. Fizemos uma visita às regiões de maior risco", advertindo seus moradores sobre a importância de buscar abrigo em um lugar seguro, mas, "infelizmente, a cultura da prevenção ainda não está muito arraigada", admitiu no próprio albergue o prefeito Eric Fernández.
Dirigindo-se com nervosismo aos refugiados, Fernández pedia às pessoas: "se for necessário irmos buscar algum parente ou algum vizinho (às suas casas), por favor nos digam".
Até a noite de segunda-feira, no estado de Guerrero, cerca de 1.000 pessoas tinham sido retiradas de suas casas em Zihuatanejo e nos municípios de Tecpan de Galeana e Coyuca de Benítez, enquanto no vizinho Michoacán, 400 pessoas fizeram o mesmo nos municípios de El Avillal e La Huerta.